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quinta-feira, 15 de maio de 2025

Conto: Linhas Paralelas



Havia um tempo em que tudo parecia andar em sincronia. Passos leves, corações em compasso, olhos voltados para o mesmo horizonte. Éramos dois viajantes silenciosos, caminhando por linhas que, mesmo sem se tocarem, sabiam uma da outra. Linhas paralelas — tão próximas e tão distantes, fiéis à sua natureza de nunca colidir, mas de sempre coexistir.

Não percebíamos no começo. Era fácil crer que o caminho seria sempre claro, que o sol nasceria com doçura e as noites trariam apenas estrelas. Ríamos muito, falávamos sobre o amanhã com um brilho quase infantil. E mesmo quando não dizíamos nada, havia entre nós uma certeza muda de que seguiríamos juntos, lado a lado, na mesma estrada invisível que a vida desenhava sob nossos pés.

Mas o tempo é um escultor exigente.

Ele nos forçou a passos diferentes. Às vezes mais rápidos, às vezes trêmulos, outras vezes parados, congelados na indecisão. Vieram dias cinzentos. Noites em que a distância não era só física, mas feita de ausências, de silêncios que gritavam o que não queríamos ouvir. Vieram derrotas pequenas, mas dolorosas. Vieram as alegrias que, por alguma razão, deixaram de ser compartilhadas. E mesmo assim… mesmo assim, nossas linhas nunca deixaram de seguir. Paralelas. Imóveis em sua persistência.

Houve dias vazios. Dias em que o mundo parecia ter perdido a cor, como se a própria alma se recolhesse num canto do peito, cansada demais para sentir. Mas também houve dias cheios de esperança. Dias em que uma lembrança sua surgia como raio de sol rompendo a nuvem mais escura. Eu via seu rosto na memória e me agarrava à certeza tola — e ainda assim bela — de que nem tudo estava perdido.

A teimosia, ah... aquela teimosia gentil que nunca me deixou desistir. Ela me fazia olhar para o chão com atenção, procurando as marcas deixadas pelas nossas pegadas, mesmo quando já apagadas pelo tempo. Me fazia enxergar que, por mais que nossas trilhas parecessem seguir em direções diferentes, por mais que o mundo empurrasse com força contrária, nossas linhas ainda estavam ali. Fortes. Firmes. Vivas.

E foi assim, sem aviso, que o tempo nos devolveu a nós mesmos.

Não com estardalhaço, não como nos filmes com reencontros dramáticos. Foi silencioso. Foi no vento que soprou no rosto, naquela manhã em que te vi outra vez — não com os olhos, mas com o coração. Porque ali estavam as linhas. Cruzando. Lentamente. Inevitavelmente. Como se tivessem esperado esse exato momento para enfim se tocar.

Você veio de lá, eu de cá, e entre passos hesitantes e olhares que buscavam a coragem de um abraço, o que o tempo tentou afastar... se uniu outra vez.

Não éramos mais os mesmos. Mas ainda éramos nós.
Mais inteiros.
Mais reais.
Mais conscientes das tempestades que atravessamos, dos abismos que superamos, das dores que não nos mataram.
Agora sabíamos. As linhas que nos conduziram — com seus altos e baixos, suas retas e curvas — tinham uma razão. Cada desvio, cada separação, era apenas um caminho necessário para o reencontro.

E ali, diante do novo arco-íris que surgia no céu das nossas histórias, entendi:
As linhas paralelas não se tocam no papel.
Mas na vida... ah, na vida elas sabem o momento certo de se cruzar.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Conto: Antes que o Coração Entendesse

 

Cecília era uma menina feita de sonhos. Sonhos simples, bordados em papel de carta, alinhavados com fitas de cetim, guardados como segredos em caixas floridas. Crescera entre páginas de livros que falavam de amores doces, impossíveis, encantados. Não conhecia o gosto do primeiro beijo, nem o estremecer das mãos entrelaçadas. Tinha o coração virgem de tudo, mas fértil de esperanças.

Foi numa manhã comum, dessas que não prometem nada, que encontrou a primeira carta. Estava dobrada com cuidado, deixada entre as páginas do seu caderno de literatura. O envelope era pálido, como um suspiro antigo, e dentro havia um poema — palavras simples, mas cheias de ternura. Sem remetente. Só uma assinatura no fim: M.

A princípio, pensou ser brincadeira. Alguém zombando da sua timidez, da sua maneira delicada de existir. Mas, na semana seguinte, veio outra. E mais uma, na outra ainda. As palavras, antes poemas, começaram a se tornar confidências. Pequenas histórias, observações sobre ela, detalhes que só alguém que a olhava de verdade saberia. "Seu jeito de prender o cabelo quando está concentrada me faz sorrir o dia inteiro", dizia uma. Cecília começou a esperar pelas cartas como se esperam pelos dias de sol depois de uma longa chuva.

Até que descobriu: o autor era Maurício.

Maurício era calmo, falava baixo, tinha um sorriso escondido nos cantos dos lábios e um olhar que parecia compreender o silêncio das coisas. Quando começou a conversar com Cecília pessoalmente, a conexão que antes se escondia nas cartas se materializou. Eles riam de bobagens, dividiam chocolates e confidências. Ele começou a escrever não mais versos, mas páginas de um diário apaixonado. Escrevia sobre seus sentimentos com uma doçura rara, contava os dias desde que a conheceu, falava dos medos que tinha, e de como se sentia seguro ao lado dela.

O namoro começou devagar, quase como um sussurro. Um toque de mãos, um olhar mais demorado. Ele era gentil, cuidadoso. Passava as tardes com ela, buscava-a na escola, sabia seu chocolate favorito e fazia questão de comprar sempre. Tratava-a como se fosse feita de cristal. Como se ela fosse uma princesa saída dos livros que ela lia.

Cecília vivia um sonho. Um conto de fadas sem dragões, só com jardins, doces, cartas e abraços. Mas com o tempo, algo em seu peito começou a mudar. Era sutil, mas presente. O coração já não corria desenfreado quando o via. O frio na barriga, que antes se anunciava ao menor toque de suas mãos, sumira. Ela não sabia explicar. Era seu primeiro namoro — como poderia entender?

E havia outra coisa. Maurício era tão cuidadoso, tão respeitoso, que mal a tocava. Nunca ultrapassava os limites, sequer os sondava. “Quero respeitar você”, dizia com um sorriso puro. Mas aos poucos, aquilo que antes era ternura começou a soar como distância. Cecília começou a se perguntar: ele realmente a desejava? Ou apenas gostava da ideia dela?

Essa dúvida corroía em silêncio.

Ela nunca ousou perguntar. Como poderia? Tudo era tão perfeito, tão limpo. Mas era como estar numa dança onde só um dos dois se movia. Sentia falta de algo que não sabia nomear — talvez fosse desejo, talvez fosse intensidade. Talvez só fosse a sensação de estar realmente viva.

O fim não foi dramático. Foi calmo, quase como o começo. Um olhar trocado, uma conversa sincera. “Acho que nosso tempo passou”, disse ele, com um meio sorriso triste. Ela assentiu. O coração não chorava — apenas compreendia. A chama que antes queimava agora era só uma brasa morna, quase fria.

Cecília guardou as cartas em uma caixa. Nunca leu de novo. Mas nunca jogou fora.

Porque, apesar de tudo, aquele foi o seu primeiro amor. E como todo primeiro amor, deixava saudades — não pela dor, mas pela beleza da inocência. Por tudo que foi descoberto, sentido e, acima de tudo, vivido com verdade.

Ela não era mais a mesma menina. Ainda doce, mas agora com olhos que enxergavam além das palavras bonitas. E, embora o coração não tenha acelerado mais como antes, ela sabia: um dia, aceleraria de novo. Mas por alguém que soubesse dançar com ela — e não apenas a observar como se fosse uma flor intocável.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

sábado, 10 de maio de 2025

O Dia em que o Silêncio Virou Adeus {Parte III}

 

Foram semanas de promessas. De mensagens constantes, de carinho à distância. Rafael não só manteve o laço aceso, ele o alimentava com palavras que pareciam vir direto do coração. Dizia que sentia falta do cheiro dela, da risada fácil, da forma como ela colocava a mão no cabelo quando ficava tímida.

Foi ele quem disse “eu te amo” primeiro.

Sophia demorou a responder. Guardava a palavra como quem protege um cristal frágil. Amava com cuidado, com responsabilidade. “Te amo” nunca foi algo que dissesse por impulso. Mas Rafael insistia, escrevia de madrugada, mandava áudios com voz embargada, dizendo que tinha certeza do que sentia. Que ela era diferente. Que ele nunca tinha se sentido assim antes.

Então, um dia, ela acreditou. Ela se permitiu. E disse:

— Eu te amo também, Rafael.

E ele respondeu na hora, como se estivesse esperando por aquele momento.

— Eu sabia. Eu sempre soube que você sentiria o mesmo.

A partir dali, o mundo pareceu mais leve. As caminhadas até a escola ganharam mais cor. Os passeios com amigas tinham sempre o celular à mão, esperando uma nova notificação com o nome dele. Havia risos em áudios, corações em fotos, planos em conversas. Ele dizia que voltaria logo, que queria passar um feriado inteiro ao lado dela. Falava de conhecer mais sua família, quem sabe um dia levá-la para conhecer a dele. Sophia flutuava — mas com os pés no chão. Ainda assim, flutuava.

Mas então… o silêncio começou.

Primeiro, foram horas a mais sem resposta. Depois, dias. Depois… nada. Três semanas. Três semanas inteiras de espera, de mensagens visualizadas e não respondidas, de noites mal dormidas e coração inquieto. Ela checava o celular a cada meia hora. Escrevia e apagava. Se perguntava se tinha dito algo errado. Se tinha sido demais.

Foi numa manhã comum, enquanto caminhava apressada para a escola, que tudo começou a desmoronar.

Sophia avistou Diogo, primo de Rafael. Ele vinha pelo outro lado da rua, fones nos ouvidos e olhar alheio. Ela se aproximou sem pensar, o coração acelerando — ainda havia esperança de que fosse só um mal-entendido.

— Oi, Diogo. Tudo bem? Você tem falado com o Rafael? Sabe se está tudo bem?

Ele tirou os fones com calma. A expressão não mudou. Era quase apática. Quando respondeu, foi com uma frieza que gelou a espinha de Sophia.

— Ele tá namorando. Não vai voltar mais.

A frase caiu como uma pancada. Um golpe seco no peito.

— O quê? — ela murmurou, sentindo as palavras embolarem na garganta. — Mas ele… ele mandou mensagem há pouco tempo. Falou de futuro, disse que me amava. Como assim ele tá namorando? E por que não falou comigo?

Diogo deu de ombros.

— Você sabia que isso não ia dar certo.

E então se afastou, como se tivesse dito algo banal. Como se não tivesse acabado de estilhaçar o que restava de esperança dentro dela.

Sophia continuou andando como um fantasma. Tinha uma prova importante naquele dia, e sabia que não podia faltar. Mas tudo ao seu redor parecia irreal. A voz da professora, o som dos colegas, até a luz do sol. Tudo doía. Tudo parecia zombar da dor silenciosa que ela tentava conter.

Ao voltar para casa, trancou a porta do quarto e ligou para Rafael. As mãos tremiam. As pernas também. O coração batia rápido, entre raiva e desespero. O telefone chamou, por longos segundos. Quando ele atendeu, a voz veio sem nenhuma emoção.

— Oi.

— Você tá mesmo namorando? — ela perguntou, direto, sem rodeios. Queria ouvir da boca dele. Queria entender.

— Tô, sim.

Silêncio.

— Por quê? — a voz dela falhou. — Por que não me falou? Por que me fez acreditar? Por que me fez te amar? Você me disse que nunca faria isso comigo. Você prometeu.

Ele suspirou do outro lado. Um suspiro frio. Distante.

— Aconteceu. É isso. Não era pra ser.

— Mas você disse que me amava.

— Eu achei que amava. Mas mudou. Me desculpa.

Ela sentiu o chão sumir.

— Você devia ter me avisado. Devia ter dito que não queria mais. Eu teria entendido. Mas você me fez esperar. Me fez sonhar.

— Desculpa. Adeus, Sophia.

E o telefone ficou mudo.

Ela caiu na cama como quem perde as forças. As lágrimas vieram com fúria. Ela não chorava só por Rafael — chorava por si mesma, por ter se permitido sentir, por ter quebrado sua promessa de proteção. Por ter acreditado.

"Eu nunca faria isso com você."
Foi o que ele disse.

Mas ele fez.

Fez e foi embora.

E agora, tudo o que restava a ela era o eco de uma voz que um dia prometeu amor e entregou silêncio. Um amor que começou com um beijo numa praça e terminou com uma ligação sem alma. Sophia se sentia vazia, tola, traída. Não apenas por Rafael. Mas por si mesma — por ter abaixado a guarda, por ter entregue o coração.

E naquele dia, entre soluços e memórias, ela aprendeu da forma mais cruel que algumas promessas não se quebram: se apagam. Como se nunca tivessem sido feitas.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

A Última Vez Que Ele Olhou Para Trás {Parte II}

 


Desde o instante em que Rafael foi embora da cidade, depois daquele primeiro encontro mágico, Sophia mergulhou em uma espera doce e ansiosa. A cada manhã, seu coração acordava antes do corpo, esperando pela primeira mensagem. E ela sempre vinha. Longa, cheia de detalhes, cheia de vontades que pareciam se alinhar com as dela. Rafael escrevia com uma ternura rara. Falava da saudade como se fosse uma dor física. Como se a ausência dela o apertasse por dentro.

"Sonhei com você de novo essa noite."
"Não vejo a hora de te abraçar de novo, de te beijar encostado na parede da tua casa."
"Você me faz falta, Sophia. Mas é a falta boa, que dá sentido aos dias."

Cada palavra chegava até ela como uma pequena faísca. E juntas, essas faíscas reacenderam nela algo que ela acreditava ter morrido: a esperança. Não era mais apenas um jogo de beijos e promessas. Ela sentia. Sentia mesmo. Ele a fazia rir com coisas bobas, mandava áudios só com a respiração lenta dizendo que queria estar ali deitado com ela, e perguntava como foi o dia, se ela comeu direito, se estava dormindo bem.

Era carinho. Era cuidado. Era raro.

Então, quando ele disse que voltaria, mas dessa vez mais cedo do que o planejado, Sophia quase não conseguiu esconder a euforia. Contava os dias, depois as horas, até que ele chegou.

E quando ele chegou... parecia que o mundo voltava ao eixo. Rafael a envolveu num abraço tão apertado que Sophia esqueceu qualquer dor que já tivesse sentido antes. Ele tinha o dom de fazer o tempo desacelerar. Os dois se olharam e foi como se não existisse ninguém mais naquela praça. Como se tudo o que importava estivesse naquele instante.

Passaram dias colados. Beijos roubados entre risadas, mãos entrelaçadas no meio da rua, promessas cochichadas em silêncio nos cantos dos cafés. Foram ao cinema, se perderam em livrarias, tiraram fotos como se estivessem tentando eternizar o momento.

Numa dessas noites, sentados na mesma praça onde tudo começou, encontraram Bertha — a amiga que sempre esteve por perto, mas nunca por inteiro.

Ela olhou Rafael com surpresa e comentou com um sorriso enviesado:

— Nossa, ele é mais bonito do que você falou, Soph.

Sophia riu, sem notar a pontada por trás daquelas palavras. Ela não imaginava — e talvez não quisesse imaginar — que alguém que chamava de amiga pudesse esconder veneno no elogio.

— Ele é mesmo… mas ele é mais do que isso — respondeu, olhando para Rafael do outro lado da praça. — Ele me deixa segura. Me deixa leve.

E naquele momento, ela dizia a verdade mais pura que conhecia.

Rafael chegou logo depois, ofegante, sorrindo com a urgência de quem precisava estar perto. Cumprimentou Bertha com educação, mas foi em Sophia que ele mergulhou. Ficaram grudados. Era como se ele tentasse compensar os dias em que estiveram separados com cada segundo ao lado dela.

Naquela mesma semana, ele foi visitar sua casa. Conheceu sua mãe, suas irmãs. Ajudou a colocar pratos na mesa, riu das histórias da infância dela, se entrosou como se já fizesse parte da família. Sophia o observava com uma espécie de ternura silenciosa. Era como se quisesse gravar cada cena, cada gesto, para o caso de tudo aquilo acabar um dia.

Deitados no tapete da sala, fones divididos, ouviram Elis Regina cantar “Como nossos pais”. Cantaram juntos trechos soltos, entre beijos demorados e carinhos nos cabelos. Ele sussurrava frases entre as músicas, e Sophia tentava não se perder nelas:

— Eu nunca imaginei conhecer alguém como você…
— Queria te levar comigo.
— A gente vai dar certo, não vai?

E ela sorria. Mas quando as palavras vinham carregadas de promessas, o medo se acendia nela.

— Não promete, Rafael… — ela dizia, com os olhos baixos. — Só… vive isso comigo. Sem prometer o que a gente não pode controlar.

Ele tocava o rosto dela com delicadeza, como se quisesse apagar qualquer lembrança de dor.

— Eu prometo só se for de verdade.

Foi uma tarde leve. Do tipo que ela contaria mil vezes no futuro. E, infelizmente, ela contaria mesmo. Como quem conta uma história bonita que ninguém acredita, porque o final parece não combinar com o começo.

Quando chegou a hora dele ir embora, não quis carro, não quis pressa. Disse que queria ir a pé até a casa do primo. E foi. Foi como se fosse parte de um filme. Rafael andando de costas, acenando, jogando corações com as mãos no ar, dizendo:

— Já tô com saudade!
— Você me deu o melhor fim de semana da vida.
— Não esquece de mim, hein?

Ela ria e mandava beijos de volta. Ficou parada na calçada até não vê-lo mais. Até o vulto dele sumir no fim da rua.

E ela, com o coração transbordando, nem imaginava que aquele era o último momento dos dois. A última vez que ele olharia para trás.

O que Sophia não sabia é que, enquanto ela gravava aquela cena como uma lembrança preciosa, do outro lado, em silêncio, já começava a nascer o abandono. O esquecimento. E uma traição onde menos esperava.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

Conto: O Começo do Fim {Parte I}



O sol se punha devagar, tingindo o céu com tons dourados e rosados que faziam tudo parecer mais bonito, mais possível. Era sexta-feira, e Sophia estava onde gostava de estar quando a semana acabava: com os amigos, no banco velho da praça central, onde as histórias se repetiam e as risadas vinham fácil. Ali, o tempo desacelerava, como se a vida ganhasse uma segunda chance antes de recomeçar na segunda-feira.

Ela ria alto, um som limpo que saía da garganta como um sopro de liberdade. Depois de semanas tentando juntar os pedaços de si mesma, Sophia finalmente se permitira estar presente. Havia jurado que aquela noite seria diferente. Nada de lembranças de ex, nada de tristeza. Apenas ela, os amigos, umas cervejas geladas e, quem sabe, um beijo roubado de algum desconhecido bonito.

Enquanto contava uma história engraçada sobre uma paquera frustrada, seus olhos foram atraídos por um movimento do outro lado da rua. Um rapaz passou lentamente, caminhando com um certo charme distraído. Alto, de camisa preta e sorriso que parecia saber demais. Ela não o conhecia, mas havia algo nele que imediatamente capturou sua atenção. Uma aura de mistério, talvez, ou o modo como seus olhos pareciam varrer o mundo como quem procura algo — ou alguém.

Ao lado dele, um rosto conhecido. Demorou um segundo para reconhecer: Diogo. Um velho amigo dos tempos de escola, daqueles que a vida afasta com mudanças, cidades diferentes e a desculpa vaga do "cada um no seu caminho". Era estranho vê-lo ali, tão de repente, depois de tanto tempo.

Sophia o observou passar, e quando ele passou de novo, rindo com o tal garoto, sentiu algo estranho no peito. Uma mistura de ansiedade e curiosidade. Era como se o destino estivesse brincando de encruzilhada.

Na terceira vez que passaram, algo dentro dela estalou. Talvez a vontade de recomeçar, talvez o impulso de mostrar a si mesma que ainda era capaz de ousar. Num surto de coragem que ela mesma desconhecia, abriu a boca e disse, com um sorriso provocador:

— E aí, Diogo, não vai apresentar o amigo?

O silêncio que se seguiu foi instantâneo. Seus amigos a olharam como se ela tivesse acabado de saltar de um penhasco. Sophia sentiu o calor subir pelo pescoço, tingindo suas bochechas de vermelho. Por um segundo, quis desaparecer. Não era esse o plano — chamar atenção, se expor.

Diogo parou. Trocaram algumas palavras rápidas. Sophia viu o amigo olhar de lado para ela, curioso, e então os dois deram meia-volta e vieram em sua direção.

O coração dela bateu descompassado. Era como se todos os sentidos estivessem despertando ao mesmo tempo: o cheiro da noite, o som dos grilos, o toque do vento nos cabelos. Sentia-se viva de uma forma que não sentia há semanas. Havia algo de novo no ar. Algo prestes a acontecer.

E ela, sem saber, estava dando os primeiros passos em direção a uma paixão que a marcaria para sempre. Uma daquelas histórias que começam com um riso nervoso e terminam com lembranças que doem como ferida aberta.

— Rafael, essa é a Sophia, minha amiga dos velhos tempos — disse Diogo, com um sorriso fácil, quase cúmplice.

Rafael estendeu a mão, e quando os dedos se tocaram, um arrepio subiu pelo braço dela. Ele tinha olhos azuis como o mar tranquilo, daqueles que parecem enxergar além da superfície. O sorriso era gentil, mas havia nele uma sombra de tristeza, como quem também carregava seus próprios fantasmas.

A conversa entre eles começou leve, natural. Falaram de música — ele gostava de rock antigo, ela gostava de gounge. Depois falaram sobre comida — ambos apaixonados por massas. Descobriram que tinham o mesmo gosto por filmes dramáticos, os que fazem chorar e pensar. Ela ria das piadas dele, ele escutava com atenção cada palavra que ela dizia, como se fosse a única pessoa ali.

Aos poucos, a presença dele foi quebrando as defesas que Sophia jurava manter. Ela se permitiu falar mais do que deveria, rir mais alto, deixar o olhar demorar no dele. Em certo momento, Rafael perguntou, com o tom mais natural do mundo:

— Você tem namorado?

Ela engoliu em seco. O sorriso vacilou.

— Faz uma semana que partiram meu coração — respondeu, tentando soar leve, mas a dor ainda era recente demais, o corte ainda fundo.

Rafael franziu levemente a testa, como se aquilo o atingisse de algum jeito.

— Se fosse eu, nunca faria isso.

A frase, tão simples, teve um efeito devastador. Ela o olhou nos olhos, e ele retribuiu o olhar. Por um segundo, tudo ao redor desapareceu. Não havia mais amigos, praça, vento. Apenas os dois, mergulhados naquele instante. E então ele a beijou.

Foi um beijo cheio de cuidado, sem pressa. Um beijo que pedia permissão, mas também oferecia abrigo. Sophia sentiu o coração acelerar, não de medo, mas de esperança. Era como se ele dissesse, sem palavras: "Você pode confiar em mim."

A noite seguiu ainda mais leve. Rafael ficou com ela até o fim, fazendo piadas, contando histórias, acariciando seu rosto com um carinho que parecia antigo. Quando a levou até em casa, os dois conversaram o caminho inteiro, entre risos e silêncios que diziam mais do que qualquer frase. Ela tentava, em vão, conter a vontade de acreditar.

— Só… não me promete nada, tá? — ela pediu, quando ele disse que queria vê-la de novo. — Você mora longe, e eu ainda tô me curando.

Ele a olhou com seriedade, como se estivesse marcando aquelas palavras no próprio coração.

— Eu entendo. Mas eu vou te ligar. Eu vou voltar. Espera por mim. Quero continuar isso que a gente começou hoje.

Sophia fechou os olhos por um instante. Queria guardar aquele momento, congelá-lo em alguma parte segura da memória. O toque dele, o cheiro do seu perfume, o som da voz dele fazendo promessas.

Ela entrou em casa com um sorriso nos lábios e o coração aquecido por uma chama tímida. Pela primeira vez em dias, se sentia viva. Esperançosa.

Mal sabia ela que aquele beijo, aquele olhar, aquela promessa feita sob o céu noturno de uma sexta-feira qualquer… se tornariam mais tarde lembranças que queimam. Porque algumas pessoas sabem exatamente como entrar — mas nunca aprendem a ficar.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Conto: A Luz Que Não Se Apaga {Parte III}

 


O tempo não apagou as dores de Milla, mas ensinou-a a viver com elas. Por muito tempo, sua existência foi como caminhar descalça sobre cacos invisíveis. Cada memória, cada rosto, cada lembrança do passado recente feria um pouco mais. Ela aprendeu a andar devagar, com cautela. A fechar o peito, a não oferecer mais seu coração em bandeja para ninguém.

Bruna tinha sido o estopim. A traição definitiva. Milla, que amava com intensidade e doçura, foi apunhalada por quem mais chamava de irmã. Bruna a ridicularizou pelas costas, zombou de suas dores, roubou seus afetos e ainda a fez parecer uma louca quando ela tentou gritar a verdade. E os outros... os outros escolheram não ver. Escolheram rir junto, ignorar, e seguir como se a dor de Milla fosse invenção.

Depois disso, ela mergulhou em um casulo. Uma ausência dela mesma. Não chorava mais com tanta frequência, mas também não sorria. Passou meses desconfiando até do próprio reflexo. Se isolou não por orgulho, mas por autopreservação. Como confiar de novo, se até o amor foi usado contra ela?

Foi um sonho que despertou algo dentro dela — um lampejo da pequena Milla, aquela versão inocente e cheia de esperança que ainda existia, escondida em algum canto do peito. A menina dos olhos brilhantes, dos abraços espontâneos, da fé no melhor das pessoas. No sonho, a garotinha a olhava com tristeza e dizia:

“Você ainda pode voltar. Eu ainda estou aqui. Só preciso que você não me abandone.”

Ela acordou com o coração apertado. Mas pela primeira vez, em muito tempo, sentiu uma vontade sincera de reagir. Pequena, quase sussurrada, mas presente. E foi ouvindo esse sussurro que Milla começou a reconstruir-se, não como era antes, mas como queria ser agora: forte, lúcida, sem deixar de ser sensível.

Voltou a fazer as coisas que a faziam feliz. Passou a cuidar do corpo, da mente e da alma. Descobriu novas músicas, leu livros que a tocavam, reencontrou a escrita como forma de cura. Cada palavra escrita era um espelho limpo. Cada texto era uma conversa com a Milla que sobreviveu.

E o brilho voltou.
Dessa vez, diferente. Não era mais aquele brilho oferecido de graça, na esperança de ser amado de volta. Agora era um brilho próprio. Sereno. Firme. Impossível de apagar.

E foi aí que o passado reapareceu.

Bruna foi a primeira. Mandou uma mensagem longa, tentando parecer arrependida. Dizia que sentia saudade, que pensava nela com carinho, que queria uma chance de conversar. Pedia desculpas — ainda que sem reconhecer exatamente o que fez.

Outros seguiram o mesmo caminho. Pessoas que riram dela, que escolheram o silêncio quando ela gritava por ajuda, agora queriam se reaproximar. Alegavam arrependimento, diziam estar “mais maduros”. Justificavam que “não entenderam bem o que aconteceu”.

Mas Milla lembrava. Lembrava do vazio de estar cercada e ainda assim se sentir sozinha. Lembrava dos olhares de deboche, da negação da sua dor, do quanto teve que lutar contra si mesma para não se apagar de vez.

Ela já não sentia raiva. O tempo cicatrizou as feridas, mas o aprendizado ficou. Agora, ela reconhecia as intenções por trás dos gestos. E sabia que o interesse deles não vinha da saudade, mas do espanto: eles esperavam vê-la caída, e agora se deparavam com uma mulher de pé, mais bonita, mais segura, mais viva do que nunca.

Milla não fugiu dos reencontros. Não se escondeu. Ela não era feita de rancor — era feita de verdade. E a verdade precisava ser dita.

Quando Bruna tentou encontrá-la pessoalmente, Milla foi. Olhou nos olhos daquela que um dia foi sua confidente e falou com firmeza:

“Você não sente falta de mim. Sente falta da versão minha que te amava, mesmo quando você me feria. Mas aquela Milla morreu. O que você fez, e o que deixou de fazer, me ensinou a me amar. E eu nunca mais vou permitir que alguém me trate da forma que você me tratou.”

Bruna não soube o que dizer. Encarou Milla com uma mistura de vergonha e surpresa. Era como se não esperasse que ela tivesse se tornado tão inteira.

Outros tentaram também, com desculpas disfarçadas, conversas mansas, convites sutis. Mas Milla os tratou com a mesma serenidade firme:

“Eu perdoo. Mas não retorno. Minha paz agora é prioridade. E quem não soube me amar no escuro, não tem mais espaço na minha luz.”

E aos poucos, eles entenderam.

A lição veio silenciosa, mas profunda.
Aprenderam que nem todo pedido de desculpas dá direito ao retorno.
Aprenderam que pessoas boas também se cansam.
Aprenderam que aquela garota doce, que eles feriram, agora era mulher — e que mulheres como ela, quando renascem, não voltam mais a caber em lugares apertados.

A vida seguiu.
Milla construiu novos afetos, cercou-se de pessoas que viam nela não uma fraqueza, mas uma força. Pessoas que não fugiam diante da dor alheia. Que sabiam ouvir, acolher, respeitar.

E a luz dela continuou a brilhar.
Não como farol para os outros, mas como lar para si mesma.

Na solidão, aprendeu que basta uma só pessoa acreditar para que tudo recomece: ela mesma.

E à noite, antes de dormir, às vezes ainda ouvia a voz da pequena Milla, sussurrando dentro dela:

“Obrigada por me deixar viver.”

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

terça-feira, 6 de maio de 2025

Conto: A Voz Que Sobreviveu {Parte II}



O pesadelo parecia mais real do que a vigília. Milla acordou como quem desperta de um afogamento, com o peito arfando, o corpo tenso, os olhos já cheios d’água antes mesmo de entender onde estava. O quarto escuro, com a luz pálida da lua filtrando pela fresta da janela, parecia uma extensão do sonho — ou do que ela preferia chamar de memória distorcida, porque era mais isso do que qualquer invenção noturna. Uma lembrança vestida de sombras.

Tinha sido aquela cena de novo.

Bruna.
Léo.
O beijo.
A traição.
As risadas.
O silêncio esmagador.

Mas, naquele sonho, havia mais. O que veio depois — aquilo que doeu de forma diferente, mais profunda. Milla lembrava de ter procurado seus amigos. Com o coração em frangalhos, a voz embargada, os olhos vermelhos, ela contou. Desabafou. Gritou por ajuda, por consolo, por justiça. Queria ser acolhida, compreendida. Queria alguém que segurasse sua mão e dissesse: "Você não está errada."

Mas não foi isso que aconteceu.

No sonho, assim como na realidade, as vozes vieram com crueldade disfarçada de lógica:

— “Você tá exagerando.”
— “Milla, não é tão sério assim.”
— “Nossa, que drama!”
— “Você tá inventando coisa.”
— “Isso é só ciúme.”
— “Bruna jamais faria isso com você.”

E a palavra que ficou martelando em sua mente, depois de tudo, foi a mesma que ouviu com um misto de pena e repulsa:

“Doida.”

Ela era a doida. A maluca que se iludia fácil. A que via o mundo como um conto de fadas e se desesperava quando alguém rasgava o cenário.

Mas Milla não era louca. Ela só amava demais. Só esperava o mesmo carinho que dava — e dava tanto. Com tanta vontade. Com tanta entrega. E isso, aos olhos de quem nunca sentiu profundamente, era fragilidade. Era fraqueza. Era tolice.

E naquela noite, sentada sozinha em sua cama, anos depois de tudo, ela chorou como se tudo ainda estivesse acontecendo. Como se não houvesse distância entre passado e presente. Como se sua pele ainda lembrasse do dia em que foi arrancada de si.

Os soluços vieram aos montes, desordenados, como se o corpo, cansado de guardar, decidisse finalmente colocar para fora o que carregava silenciosamente por tanto tempo. Chorava pela dor da traição. Mas chorava, principalmente, pela solidão. Por ter se sentido descartável, desacreditada, ridicularizada. Por ter sido tratada como uma criança birrenta quando, na verdade, estava despedaçada.

E, acima de tudo, chorava pela sensação de que, talvez, não existisse mesmo algo bom no mundo. Que toda bondade fosse fachada. Que toda luz escondesse uma sombra.

Ela, que sempre acreditou nas pessoas. Que via o melhor mesmo quando ninguém via nada. Que fazia carinho em quem só conhecia espinhos. Agora era só desilusão. Era só a casca do que foi um dia.

E foi nesse mergulho de dor que algo mudou. No meio da escuridão interna, como se uma pequena vela tremesse no fundo de um túnel, ela sentiu... algo. Não era uma lembrança nítida. Não era uma voz clara. Era uma presença. Um sussurro vindo de dentro.

A pequena Milla.

A Milla de antes. Aquela que usava tiaras com flores de tecido. Que pintava os dias nublados com lápis de cor. Que fazia listas de desejos em papel de caderno e acreditava, de verdade, que o mundo escutava quem sonhava.

Ela estava lá. Pequena. Frágil. Mas viva.

E falava.

— “Não se afoga mais, por favor...

Era um pedido sussurrado com amor. Um clamor silencioso vindo do fundo de sua alma.

— “Não se enterra nessa dor. Você não nasceu pra morrer em silêncio.

E pela primeira vez, em muito tempo, Milla não sentiu apenas dor. Sentiu saudade. Saudade de si. Da Milla que sorria com os olhos. Que se encantava com folhas no vento. Que escrevia cartas que ninguém lia só para espalhar amor no mundo.

Mas onde essa Milla tinha ido parar?

Ela estava soterrada. Enterrada sob camadas de desconfiança, medo, raiva e decepção. Não era culpa dela. Era defesa. Mecanismo de sobrevivência. Como quem ergue muros depois de tantos incêndios.

Mas a pequena Milla queria sair.

— “Você ainda brilha.

Milla respirou fundo. De olhos fechados, se imaginou abraçando aquela versão antiga de si. A garota que ainda acreditava. Que ainda sorria com pureza. Que ainda se jogava no mundo de olhos fechados.

E ela chorou de novo. Mas agora era um choro diferente. Um choro de reencontro.

Porque no fundo, ela sabia: ainda podia haver algo bom. Ainda podia haver beleza. Ainda podia haver amor — não o que vem de fora, mas o que nasce dentro.

Era preciso reaprender. Recomeçar. Mas não sozinha. Com ela mesma.

A pequena Milla era a lembrança de que existia esperança antes da dor. Era a prova de que o amor ainda morava nela, mesmo que escondido.

A noite passou devagar, mas algo nela se moveu. Um milímetro, talvez. Um passo imperceptível. Mas um passo.

Ela não sabia como voltar a confiar nos outros. Talvez demorasse muito. Talvez nunca fosse como antes. Mas podia confiar em si. Podia se prometer que não se abandonaria de novo.

E essa promessa era tudo o que precisava por agora.

Quando o primeiro raio de sol atravessou a janela, Milla estava desperta. Cansada, com os olhos inchados, mas diferente. Não forte ainda. Mas desperta.

Levantou, caminhou até o espelho. O rosto parecia gasto, mas havia um traço — leve, quase imperceptível — de algo antigo. Um brilho. Uma lembrança. Uma promessa.

E pela primeira vez em anos, sussurrou:

— “Eu vou voltar a brilhar.

Não pelo mundo. Não pelos outros. Mas por ela. Pela pequena Milla. Pela mulher que, mesmo ferida, ainda tinha dentro de si a força de amar.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Conto: Depois do Amor: Coração em Silêncio {Parte I}


Milla sempre viveu como se o mundo fosse feito de laços. Laços de afeto, de cuidado, de presença. Desde menina, aprendera a amar antes mesmo de entender o que significava ser amada. O amor, para ela, nunca foi uma palavra presa aos rótulos românticos que os filmes vendem com promessas ilusórias. Era algo mais vasto, mais denso, mais urgente.

Ela amava os amigos com uma intensidade quase materna. Era do tipo que se levantava de madrugada para atender um chamado, que sentava ao lado de alguém em silêncio só para não deixá-lo sozinho na dor. Era aquela que preparava cartas em datas aleatórias, que se lembrava de cada detalhe, de cada gesto. Milla era feita de memória e sentimento. Uma casa de janelas abertas, onde todos podiam entrar. E muitos entravam. E muitos saíam.

Mas o que Milla ainda não sabia — ou se recusava a ver — era que nem todos os que entram o fazem com gratidão. Alguns apenas querem se aquecer um pouco, outros querem roubar a luz. E há os que entram apenas para destruir.

Bruna foi esse tipo.

A amizade com Bruna começou como quase tudo começa com Milla: com encanto. Bruna era magnética. Tinha uma presença que ocupava o espaço como uma música alta demais. Era segura, engraçada, ousada. O tipo de pessoa que faz o mundo parecer menor diante do próprio brilho. E Milla, com seu coração vasto, ofereceu abrigo.

Era estranho, às vezes, o jeito que Bruna tratava certas pessoas — com desdém, com sarcasmo — mas Milla via além. Sempre via além. Acreditava que todos tinham feridas, e que até os gestos mais frios podiam ser gritos silenciosos por afeto. Por isso nunca julgou Bruna. Nunca desconfiou.

Quando falava de seus sentimentos, era Bruna a primeira a saber. Milla acreditava que dividir a própria alma com alguém era uma forma de tornar a vida mais leve. E Bruna ouvia — com aquele meio sorriso que, à distância, podia parecer cumplicidade, mas de perto era só desprezo disfarçado.

Milla se apaixonava com facilidade. Era verdade. Mas cada paixão era sincera. Havia quem risse disso, mas ela sabia o que sentia. Era uma sensação doce e quente no peito, uma esperança silenciosa de que ali, talvez, houvesse alguém que enxergasse o que ninguém mais via nela. E quando conheceu Léo, algo foi diferente.

Léo era introspectivo. Tinha uma calma que contrastava com a agitação do mundo ao redor. Não era o mais bonito, nem o mais engraçado. Mas havia nele uma gentileza que Milla reconheceu de longe — como quem encontra, no meio da cidade, um pedaço de campo. Eles trocaram algumas palavras no intervalo da escola, riram de bobagens. E bastou.

À noite, mandou mensagem para Bruna: “Acho que me apaixonei.”

Bruna respondeu com um emoji de riso. Depois mandou: “Sério, você é muito fofa. Vai fundo.”

Milla acreditou.

E nos dias que se seguiram, viveu naquele estado de encantamento silencioso. Olhava Léo de longe, ensaiava conversas na cabeça, planejava como se aproximar sem parecer óbvia. E sempre dividia tudo com Bruna. Cada detalhe. Cada suspiro.

Até o dia em que o chão desabou.

Foi no pátio da escola. Milla ia pegar o caderno que esquecera na sala quando, ao virar o corredor, viu os dois. Bruna e Léo. Rindo. Sozinhos. Próximos demais. O tipo de proximidade que não se explica com amizade. E então, o beijo.

Não foi um beijo apaixonado. Não foi um beijo cinematográfico. Foi rápido, quase banal. Mas para Milla, foi como ver o próprio coração cair no chão e se partir em pedaços minúsculos.

Ela congelou. O mundo pareceu parar. O ar ficou pesado. As vozes ao redor sumiram. E por dentro, tudo se contorceu.

Bruna a viu. E sorriu. Um sorriso leve, sem culpa.

Mais tarde, quando Milla a procurou, ainda com os olhos em brasa e as palavras tremendo nos lábios, ouviu a sentença que selaria o fim de sua fé:

“Você se apaixona por qualquer um, Milla. Não dá pra levar isso tão a sério.”

Foi aí que tudo mudou.

As cores do mundo desbotaram. Os sons perderam o brilho. As pessoas, antes tão queridas, passaram a parecer ameaças silenciosas. Milla deixou de confiar. Não só em Bruna. Mas em todos. Nas palavras, nos gestos, nos afetos. Passou a duvidar das intenções mais simples. Até o carinho alheio virou suspeita.

Ela não chorou no dia seguinte. Nem no outro. Seu luto não foi feito de lágrimas, mas de silêncio. Um silêncio denso, sufocante, que tomou conta de tudo.

Começou a se afastar. Das pessoas. Das conversas. Da escola. Passou a responder com frases curtas. A evitar abraços. A recusar convites. O que antes era espontâneo agora virava esforço. E aos poucos, ela se tornou outra.

O amor, que antes era sua linguagem nativa, virou idioma estrangeiro.

Não deixou de amar, mas mudou como amava. Passou a esconder. A controlar. A medir. Os gestos afetuosos deram lugar à vigilância. As palavras doces foram substituídas por ironia. Era como se, para se proteger, tivesse vestido uma armadura feita de espinhos.

Milla não era mais Milla. Ou pelo menos, não a mesma.

Havia dentro dela uma saudade imensa — não de Bruna, nem de Léo, mas de si mesma. Daquela que sorria com facilidade, que acreditava nas pessoas, que dizia “eu te amo” sem medo do que viriam a fazer com isso.

Mas essa Milla agora estava soterrada.

E no fundo, ela sabia: ou reaprendia a ser vulnerável, ou passaria a vida inteira caminhando por entre ruínas.

Porque o amor, mesmo depois da dor, ainda era tudo o que ela sabia dar. Mas agora, precisava aprender a dá-lo primeiro a si mesma.

E talvez, só talvez, um dia, com o tempo, com o cuidado, com a delicadeza que sempre ofereceu aos outros — talvez conseguisse resgatar aquela Milla de dentro dos escombros.

Não para ser como antes.

Mas para ser inteira. E verdadeira. Mesmo depois do amor.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

domingo, 4 de maio de 2025

Conto: O Que Ficou Para Trás

 

A brisa do fim da tarde era leve, mas carregava algo estranho naquela cidade onde Amy não pisava há muitos anos. Estava em uma viagem de trabalho, voltando de um evento corporativo, quando saiu do prédio do hotel e caminhou em direção ao estacionamento. Usava salto alto, um vestido que lhe caía bem e a postura de uma mulher segura. Já não era a garota de vinte anos atrás — mas o mundo tem um jeito irônico de testar nossa evolução.

Ao se aproximar do carro, foi interrompida por uma voz masculina, firme, porém gentil:

— Boa tarde, senhora. Posso ver sua carteira de motorista?

Ela se virou sem muita paciência, puxando a carteira da bolsa. Mas, ao erguer os olhos, sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha.

Aquele rosto.

Aquele sorriso, meio torto, inconfundível.

Augusto.

Ele a reconheceu de longe. Não teve dúvida. O cabelo agora tinha um tom diferente, o corpo mais maduro, mas o jeito de andar, a expressão decidida — eram dela. E por um segundo, tudo parou. O tempo, o barulho dos carros ao redor, os passos das pessoas no estacionamento. Apenas os dois.

Amy demorou um instante para reconhecê-lo. Estava mais velho, claro, com marcas no rosto que denunciavam os anos. Mas o olhar era o mesmo — aquele olhar que um dia foi abrigo e prisão ao mesmo tempo.

— Augusto?

Ele sorriu. O mesmo sorriso de quando ela o ajudava a estudar para as provas, ou quando os dois fugiam do mundo para se beijar às escondidas em um canto qualquer da escola. Mas aquele sorriso, que um dia a derretia, agora só trazia memórias confusas. E dolorosas.

Sem aviso, ele se aproximou e a beijou. Foi um beijo intenso, ousado, carregado de anos represados. E, por mais que quisesse resistir, por um breve momento, ela se entregou. Ainda havia ali, perdido em algum canto escondido, um vestígio de atração. O corpo lembrou. Mas a alma... essa, não era mais a mesma.

Quando ele recuou, ofegante, com os olhos brilhando de satisfação, disse com uma confiança quase infantil:

— Eu sabia que você ainda gostava de mim.

Amy sorriu. Um sorriso frio. Não de quem está feliz, mas de quem sabe exatamente quem é e o que superou.

Ela se aproximou devagar, deixando os olhos colados aos dele, e sussurrou em seu ouvido:

— Meu coração e minha mente já se livraram de você há muito tempo, Augusto. Acho difícil você conseguir mexer com os dois outra vez. Apesar de que... pelo visto, o único que sentiu falta foi meu corpo. Mas isso é passageiro. Eu consigo apagar esse fogo com outro corpo.

Ela piscou. Viu nos olhos dele a confusão, o desejo e a frustração se misturando como um coquetel venenoso. Deixou-o sem palavras. Era sua vez de quebrá-lo.

Virou-se, ajeitou os cabelos com elegância, e antes de entrar no carro, lançou a última frase como uma flecha certeira:

— Eu não vivo de passado, Augusto. O que era pra acontecer com a gente, já aconteceu. Agora, nossos caminhos não são mais os mesmos.

E partiu. Com os passos firmes de quem não olha para trás.

Vinte anos antes, era tudo diferente.

Amy e Augusto viviam o que todos achavam ser o romance perfeito. Estavam sempre juntos — nas aulas, nos intervalos, nas festas e nas madrugadas em chamadas longas, dividindo sonhos, inseguranças e planos para o futuro. Eram melhores amigos e amantes, cúmplices em tudo. Se entendiam com o olhar. Se cuidavam, se respeitavam — ou, ao menos, era o que ela acreditava.

Amy fazia tudo por ele. Colava bilhetes de apoio nas provas, levava comida na mochila quando ele esquecia, o defendia nas brigas com os outros amigos, e era seu ombro nas crises familiares. Ele, por sua vez, retribuía com presença, carinho, e um charme avassalador que parecia reservado só para ela.

Mas era tudo fachada.

Augusto era o tipo que gostava de se sentir desejado. Não importava o quanto Amy o amasse, o quanto ela estivesse presente — ele sempre procurava mais. Mais olhos sobre ele, mais beijos aleatórios, mais conquistas descartáveis. Traía Amy sem remorso. Com outras colegas da escola. Com garotas em festas. E depois voltava, com lágrimas falsas, promessas ensaiadas e a habilidade cruel de saber onde tocar para quebrá-la.

Ela tentou resistir. Terminou. Chorou. Mas ele voltava, sempre com um discurso de redenção, e ela, ainda frágil pelo amor, vacilava. Voltou uma, duas, três vezes.

E em todas elas, o ciclo se repetia. Promessas. Paixão. Traição. Dor.

Até que, aos 19, ela recebeu a carta de aprovação para a universidade em outra cidade. E naquele momento, entendeu que era sua chance de se salvar. Partiu sem despedidas, sem bilhetes, sem mais conversas. Pela primeira vez, colocou um ponto final que ele não pôde apagar.

Longe dali, reconstruiu-se. Estudou. Trabalhou. Se tornou uma mulher segura, dona de si, dona dos próprios passos. E nunca mais permitiu que Augusto entrasse em sua vida.

Agora, ali, no estacionamento iluminado pelo pôr do sol, ele a olhava como se o tempo tivesse parado.

Mas ele sabia — ela não era mais a garota de antes. Ela era uma mulher que sobreviveu ao que ele destruiu.

E ele, por mais que desejasse apagar tudo e começar de novo, sabia, no fundo, que era tarde demais. Amy ainda morava nele: no coração, na mente, e no corpo. Mas ele? Para ela, ele já era apenas um nome em um capítulo superado.

E o passado... é um lugar onde ela já não vive mais.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

sábado, 3 de maio de 2025

Conto: Tarde Demais para Nós



Nil Batista era um furacão com microfone. Suas rimas afiadas e presença incendiária o transformaram em ídolo de uma geração que se sentia invisível. Ex-presidiário, criado entre becos e abandonos, dizia que o mundo nunca lhe dera nada — e por isso não devia nada a ninguém. Nas redes, era ácido, debochado, impulsivo. Alimentava polêmicas como um artista alimenta a própria arte: com prazer e vício.

Era amado e odiado em igual medida.

Na noite da infâmia, Nil fazia uma live no Instagram, cercado de garrafas vazias, fumaça de cigarro e os risos dos amigos. Comentários desciam na tela como avalanche. No meio deles, um brilhou:

"Você me inspira. Sua música me ajudou a continuar."
— Mila R.

Nil leu. Sorriu. Mas não de gratidão.

— "Ah, lá vem... Deve ser uma dessas garotas que vivem ouvindo música triste enquanto comem pote de sorvete escondida. Fala sério. Aposto que não corre nem pra pegar o ônibus. Quer inspiração? Vai caminhar, gata."

Risadas. Gargalhadas. Coroinhas, foguinhos, emojis de vômito.
Nil riu também — um riso cruel, alheio à dor que causava.

Na outra ponta da tela, Mila deixou o celular cair no colo. O peito apertado, o rosto queimando.
Ela tinha vinte e três anos. Era gorda, sim. Mas não fraca. Até aquele momento.

Durante meses, Nil havia sido seu alicerce invisível. Sua voz nas noites escuras. Suas letras haviam colado os cacos de um coração despedaçado por traumas de infância e rejeições adultas. E agora, o próprio ídolo, aquele que ela defendeu mesmo nas maiores controvérsias, a expunha — sem saber, sem se importar.

Daquele dia em diante, ela se afastou de tudo. Das redes. Da música. De si mesma. O que se seguiu foi escuridão.

Mila se trancou num casulo de tristeza. Chorava ao acordar, chorava ao dormir. Passava horas encarando o espelho como se buscasse a versão de si que existia antes. Não a achava.

Começou a recusar convites, mentir para amigos, faltar ao trabalho. Os poucos que tentavam ajudar encontravam um muro. Um muro triste, intransponível.

Até que Brandon — colega de infância, agora terapeuta em formação — insistiu. Gentilmente. Com persistência e delicadeza. Mandou mensagem todo dia. Chegou com sopa numa noite chuvosa. Ofereceu carona à terapia. E ela aceitou.

Foram semanas de reconstrução. Choro, confronto, recomeço.
Na terapia, descobriu que Nil não era o centro da ferida — era só o estopim. Carregava traumas antigos, feridas que ele apenas reacendeu. E por isso, ela prometeu a si mesma: nunca mais deixaria que palavras de um estranho apagassem a sua luz.

Voltou a caminhar. Depois correr. Depois nadar. Não por vingança. Não por aplauso. Por ela.

Redescobriu a vaidade, a dança, os livros, a si mesma. Sua aparência mudou, sim — mais leve, mais forte. Mas o que mais impressionava era sua aura. Mila passou a brilhar como alguém que passou pelo inferno e saiu com asas.

Enquanto Mila se ergueu, Nil desabou. Seus excessos começaram a cobrar a conta. Drogas, violência, cancelamentos. Uma agressão verbal num programa de TV ao vivo. Uma acusação de abuso psicológico por uma ex-namorada. E, enfim, a prisão. Pequena, mas suficiente para quebrá-lo.

Nil não teve visitas. Não teve fãs na porta. Teve apenas o próprio reflexo — e a vergonha. Saiu em silêncio. Sumiu das redes. Meses sem uma palavra. Quando voltou, era outro homem: menos barulho, mais silêncio. Menos postura de ídolo, mais de homem quebrado.

Fez uma série de entrevistas. Pediu desculpas públicas. Falou sobre vício, raiva, infância negligente. Assumiu: não sabia lidar com carinho. Por isso o cuspia de volta. Arrependido, gravou um álbum íntimo, cheio de guitarras limpas, letras confessionais e nenhuma máscara.

A crítica chamou de renascimento. Os fãs começaram a voltar. Mas Nil, agora, não sorria fácil. Parecia sempre à procura de algo. Foi em um festival de arte independente, que Nil a viu.

No meio do público, enquanto ele terminava sua palestra sobre saúde mental e redenção, os olhos se cruzaram. Ela estava mais bela do que ele poderia suportar. Cabelos soltos, vestido longo, expressão serena. Mila.

Nil travou.

Não esperava — nem merecia.

Tentou se aproximar.
— Mila... sou eu. Nil.

Ela olhou com os olhos frios de quem reconhece um incêndio antigo.
— Eu sei.

Ele gaguejou, tentou conversa. Ela não ofereceu sorriso algum. Apenas cortesia. Vazia, protocolar. No fundo, cada palavra dele reabria a dor de anos atrás. Mais tarde, ele a viu sozinha em um café, lendo.
Se aproximou de novo, como quem pisa em terra santa.

— Posso me sentar?
— Pode, claro — respondeu sem emoção, sem levantar os olhos do livro.

O silêncio durou longos segundos.

— Sobre aquela live... eu fui um idiota. Um idiota ferido. Eu machuquei você e me arrependo.

Ela o olhou. Pela primeira vez, diretamente. E então, com a calma de quem venceu a guerra, disse:
— Você não me quis antes. Por que eu vou querer você agora?

Nil sentiu o golpe.
— Por que eu deixaria você ter o melhor de mim, quando foi você quem me fez ver o pior em você?

Ela se inclinou, olhos marejando, mas firmes.
— Quando todos te julgavam, eu não fazia isso. Eu te defendia. Eu acreditava em você... e você riu de mim. Fez piada da minha dor. Você me desfez. Agora... você não tem o direito de me querer inteira.

Ela se levantou. Pagou o café com calma. Passou por ele e, antes de sair, completou:
— Espero que você esteja mudando. Mas eu não estou aqui pra ser recompensa da sua culpa.

E foi.
Deixou no ar seu perfume — doce, quente, persistente.

Nil ficou ali. Sozinho.
Não com raiva. Não com dor.
Com algo mais raro: consciência.

Ela jamais voltaria. E tudo bem.
Mas o que ela deixava — o vazio, o perfume, a frase — ficariam com ele.

Talvez para sempre.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

sábado, 5 de março de 2016

Crônica - DIA 3 {Primeiros Passos}



Primeiros Passos


A garota que só olhava para o chão agora anda de cabeça erguida, sem passos curtos, pois ela tem pressa, ela precisa correr.

Essa pequena menininha nova dentro dela, já não pede mais nada agora, ela sabe que apesar dos dias nublados a garota agora é capaz de seguir em frente e nem mesmo os dias nublados a impediram de enxergar os raios de sol. 

Ela não esta mais parada agora ela corre o mais rápido que pode, pois sabe que eles 'os raios de sóis' são seu passaporte para a liberdade e ela precisa ser livre.

Após uma semana...

A pequena menina  hoje despertou com os olhos inchados. Ela não teve culpa, quem chorava era a garota. A mesma garota que prometeu seguir os raios de sóis, passou a noite atrás de nuvens escuras e pesadas. 
Chutando cobertas, revirando de um lado para o outro, entre resmungos e soluções a garota caía em lágrimas.

Hoje para a garota havia sido um dia daqueles em que desejamos o vento acalentador e deu-se de cara com um vento gelado e inóspito. Hoje pra ela foi um dia em que seus sorrisos foram impostos contra sua vontade, sorrisos feitos para esconder as lágrimas da noite passada.

Gestos automáticos,
Sorrisos falsos,
Pensamentos sombrios e nada ... nada mais.

Após um mês...

Definitivamente a lua é o regente da garota, não se precisa discutir, todos a sua volta enxergam suas fazes, seus altos e baixos.

Depois de todo esse tempo, percebe-se que a garota esta mais forte e determinada ela agora sabe que sua vida não são apenas flores, ela precisa enfrentar os dias frios e quentes.

Um novo dia...

A garota agora sabe o que é capaz. Ela é uma garota de fases, uma menina temperamental correndo na direção da tempestade.


P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeite os direitos autorais dela.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Crônica - DIA 2 {Eu continuo caminhando}


Eu continuo caminhando


Hoje eu não conto mais as horas, eu paro no tempo...

Quando lembro das minhas cicatrizes penso na garota boba e sonhadora que fui, então quando encaixo as peças do meu quebra-cabeças eu descubro que não fui boba e sim sincera com meus sentimentos, eu fiz o que meu coração e todo meu ser pediu e se isso foi ser frágil, ingenua eu fui e não me arrependo, eu amei.

Ahhhh e eu sonhei com algo bom, não só pra mim, mas para nós. Sonhei fiz planos e corri pelo que desejava, pelo que queria pra nós, mas hoje vejo que fiz tudo sozinha que lutei sozinha, que quem desejava e fazia de tudo por um nós que não existe mais fui eu. E sabe o que mais temo é não ter mais esse nós e acabar ficando sempre só.

E eu penso no tempo passado...

A garota que eu fui a tempos atrás existe com seus calos, cicatrizes e suas marcas das lágrimas secas que hoje só caem em dias chuvosos ela está ai, porém mais forte  e determinada a não ser mais aquela garota do passado e sim uma nova garota começando tudo do zero, mas de alma lavada.

Apesar do medo abro novamente meus olhos e continuo caminhando. O que me resta são estes passos e eu não desistirei deles, já desisti de tudo ao chegar aqui, mas meus passos são só meus e ninguém tomara eles, ninguém ira me impedira de seguir em frente


E só o tempo vai curar aquelas feridas...





P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Crônica - DIA 1 {Não espero mais nada}



Não espero mais nada


Depois de 24 horas …

Quando dei por mim estava só, acabada, fragilizada. Não enxergava nada há minha frente, também não queria ver nada. Para que ver, se meu chão foi tirado de mim, o que queria era continuar caindo, caindo.

Fiquei deitada o dia todo, não comi, não fiz nada. Não quis e não quero escutar ninguém ainda. Sei que eles estão preocupados, como sei que eles querem que desabafe coloque para fora toda essa angustia que estou vivendo, todo esse desespero, esse mau que esta dentro de mim consumindo todo meu ser, tudo que fui e que um dia eu podia ser. Ah *suspiro* quem na minha situação estaria preparado para colocar para fora tudo que te envergonha e que te deixa mais rebaixada do que você já esta. Quem, me diga quem gostaria de estar nesse papel?

Depois de 48 horas …

Meus olhos ardiam, não sabia dizer se eram pelas horas em que não dormi, ou pelas que não consegui parar de chorar. Abri-os lentamente, vi raios de sol entrando pela minha janela, então comecei a me mexer, porém cada pedacinho do meu corpo doía tanto, a cada lento movimento eram como se mil facas me assolassem. Respirei, uma duas vezes e me pus de pé, caminhei até o banheiro lavei meu rosto e me olhei no espelho. Aquela garota não podia ser eu, não consegui me ver mais naquela imagem. Seus olhos estavam vazios, suas olheiras estavam gigantes, a pele estava seca, seus lábios estavam descascados. A garota do espelho não era eu, aquela garota parecia com a casca de um inseto, ela parecia que alguém sem alma. Aquela não podia ser eu, mas era.

Depois de horas horas e horas …

Vou dar um basta nesse sofrimento, eu preciso dar, por mais que a dor esteja me assolando não deixarei esses sentimentos ruins, e todo o mal que você me fez me destruir. Não serei destruída por você. Não espere por mim, eu não esperarei mais por você. Não serei mais a tola a quem você vai se gabar por ter iludido esse tempo todo, não serei mais a tola que tinha fé inabalável em você. Sempre deixei que você fosse livre, mas você nunca enxergou que eu lhe dei todos os ventos para voar, no fim de tudo descobri que o animal preso na gaiola não era você era eu.

Por isso espere sim … Espere para me ver voar!!


P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeite os direitos autorais dela.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Crônica: Casa Vazia


Sinopse: July, esperava de braços abertos Ryan. Mas a neve começa a cair, com um aviso "Até quando você suporta o frio que deixarei, em seus ossos". 
Casa Vazia, é um pequeno conto, em que tento colocar, no papel uma desilusão amorosa, e a esperança, de nunca desistir. 




Crônicas de July - Primeiro Dia 


Casa Vazia


Sentada, em frente a minha janela acompanhando o anoitecer, volto para as linhas da história que estou lendo. O livro escolhido da vez é Espera, da autora Maggie Stiefvater, que conscientemente combina com o clima ao meu redor. A história me aquece, me deixa a sonhar com a minha história, com alguém como Sam. Me deixa a pensar, se Nathan será meu Sam. Leio, mais um capítulo, e ao começar o próximo, o telefone, na mesa anuncia, uma nova mensagem.

"July. Preciso encontrar com você, urgentemente. Não me deixe a te esperar. Você sabe onde me esperar!”.

Assim que termino de ler a mensagem, pulo da poltrona, troco meu pijama de gatinhos, por uma causa jeans, um moletom do Mickey Mouse. Calço meu coturno, pego meu casaco, e respondo sua mensagem.

"Nathan. Não vou demorar. Me espere que logo te alcançarei”.

Desço as escadas, cantarolando Open Arms da banda Journey. Pego a lanterna e as chaves, da mesinha, e início a caminhada pelo parque Yosemite, rumo ao nosso lugar especial. Agora você deve estar se perguntando, o quanto devo estar confusa, ou louca por morar dentro de um parque. Mas, é isso mesmo. Eu moro em Yosemite. Se você procurar por casas no parque vai reconhecer a minha rapidinho, pois ela é aquela casa laranja e marrom toda de madeira, que tenta se esconder entre os pinheiros, porém não consegue.

Continuo, caminhando, e enfim avisto o pinheiro que indica a entrada para o vale. Mais alguns passos, e começo a enxergar o lago, e os campos verdes que ficam em frente as três grandes pedras. Caminho até encontrar, a nossa árvore. Aquela que trouxe Nathan para minha vida, aquela que representa o presente que a primavera me deu.

Depois de uma hora…

Fiquei a sua espera, porém o tempo passou acumulando mais e mais neve em meus pés. Minha única companhia é esse vento frio, que ao me tocar, me assola ao tentar me aquecer. Aonde estás, por quê, me deixaste a esta espera infinita.

O telefone toca. Procuro no bolso do meu casaco, é ele. Meus dedos, congelados não conseguem desbloquea-lo, e acabo deixando o telefone, cair.

Droga! Porque essas coisas só acontecem comigo. Pego-o, em vão. Não há mais nenhuma ligação, porém uma insistente carta, fica a piscar do lado esquerdo da tela. Clico no ícone de mensagem, e começo a ler.

"Queria ter coragem, para lhe enfrentar. Porém não consigo olhar nos seus olhos, não consigo me portar na sua frente. Não posso mais fazer isso com você.. Você não merece a pessoa que sou. Eu polui todo sentimento que, dispôs a mim. E destruí cada pedacinho de sentimento, por puro prazer. July. não posso ser a pessoa que espera. Desculpe, mas nunca amei você!"

Eu que pensei, que não me encontraria novamente nessa situação, em que meus sentimentos não seriam nem ao menos, uma estrada de risos. Estou cercada de branco e lágrimas congeladas, pela insistente neve, que não quer parar de cair.

Seguro-o com forças, e incio minha caminhada, lenta e assustada. Contando cada passo, acreditando, que mais a frente eu encontrarei aquele que não soltara mais minha mão.




P.s: Resolvi me arriscar publicando, as coisas que escrevo. Também estar aqui dividindo com vocês meus textos, é a minha oportunidade de escrever mais. Essa Fanfic é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

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