Foram semanas de promessas. De mensagens constantes, de carinho à distância. Rafael não só manteve o laço aceso, ele o alimentava com palavras que pareciam vir direto do coração. Dizia que sentia falta do cheiro dela, da risada fácil, da forma como ela colocava a mão no cabelo quando ficava tímida.
Foi ele quem disse “eu te amo” primeiro.
Sophia demorou a responder. Guardava a palavra como quem protege um cristal frágil. Amava com cuidado, com responsabilidade. “Te amo” nunca foi algo que dissesse por impulso. Mas Rafael insistia, escrevia de madrugada, mandava áudios com voz embargada, dizendo que tinha certeza do que sentia. Que ela era diferente. Que ele nunca tinha se sentido assim antes.
Então, um dia, ela acreditou. Ela se permitiu. E disse:
— Eu te amo também, Rafael.
E ele respondeu na hora, como se estivesse esperando por aquele momento.
— Eu sabia. Eu sempre soube que você sentiria o mesmo.
A partir dali, o mundo pareceu mais leve. As caminhadas até a escola ganharam mais cor. Os passeios com amigas tinham sempre o celular à mão, esperando uma nova notificação com o nome dele. Havia risos em áudios, corações em fotos, planos em conversas. Ele dizia que voltaria logo, que queria passar um feriado inteiro ao lado dela. Falava de conhecer mais sua família, quem sabe um dia levá-la para conhecer a dele. Sophia flutuava — mas com os pés no chão. Ainda assim, flutuava.
Mas então… o silêncio começou.
Primeiro, foram horas a mais sem resposta. Depois, dias. Depois… nada. Três semanas. Três semanas inteiras de espera, de mensagens visualizadas e não respondidas, de noites mal dormidas e coração inquieto. Ela checava o celular a cada meia hora. Escrevia e apagava. Se perguntava se tinha dito algo errado. Se tinha sido demais.
Foi numa manhã comum, enquanto caminhava apressada para a escola, que tudo começou a desmoronar.
Sophia avistou Diogo, primo de Rafael. Ele vinha pelo outro lado da rua, fones nos ouvidos e olhar alheio. Ela se aproximou sem pensar, o coração acelerando — ainda havia esperança de que fosse só um mal-entendido.
— Oi, Diogo. Tudo bem? Você tem falado com o Rafael? Sabe se está tudo bem?
Ele tirou os fones com calma. A expressão não mudou. Era quase apática. Quando respondeu, foi com uma frieza que gelou a espinha de Sophia.
— Ele tá namorando. Não vai voltar mais.
A frase caiu como uma pancada. Um golpe seco no peito.
— O quê? — ela murmurou, sentindo as palavras embolarem na garganta. — Mas ele… ele mandou mensagem há pouco tempo. Falou de futuro, disse que me amava. Como assim ele tá namorando? E por que não falou comigo?
Diogo deu de ombros.
— Você sabia que isso não ia dar certo.
E então se afastou, como se tivesse dito algo banal. Como se não tivesse acabado de estilhaçar o que restava de esperança dentro dela.
Sophia continuou andando como um fantasma. Tinha uma prova importante naquele dia, e sabia que não podia faltar. Mas tudo ao seu redor parecia irreal. A voz da professora, o som dos colegas, até a luz do sol. Tudo doía. Tudo parecia zombar da dor silenciosa que ela tentava conter.
Ao voltar para casa, trancou a porta do quarto e ligou para Rafael. As mãos tremiam. As pernas também. O coração batia rápido, entre raiva e desespero. O telefone chamou, por longos segundos. Quando ele atendeu, a voz veio sem nenhuma emoção.
— Oi.
— Você tá mesmo namorando? — ela perguntou, direto, sem rodeios. Queria ouvir da boca dele. Queria entender.
— Tô, sim.
Silêncio.
— Por quê? — a voz dela falhou. — Por que não me falou? Por que me fez acreditar? Por que me fez te amar? Você me disse que nunca faria isso comigo. Você prometeu.
Ele suspirou do outro lado. Um suspiro frio. Distante.
— Aconteceu. É isso. Não era pra ser.
— Mas você disse que me amava.
— Eu achei que amava. Mas mudou. Me desculpa.
Ela sentiu o chão sumir.
— Você devia ter me avisado. Devia ter dito que não queria mais. Eu teria entendido. Mas você me fez esperar. Me fez sonhar.
— Desculpa. Adeus, Sophia.
E o telefone ficou mudo.
Ela caiu na cama como quem perde as forças. As lágrimas vieram com fúria. Ela não chorava só por Rafael — chorava por si mesma, por ter se permitido sentir, por ter quebrado sua promessa de proteção. Por ter acreditado.
"Eu nunca faria isso com você."
Foi o que ele disse.
Mas ele fez.
Fez e foi embora.
E agora, tudo o que restava a ela era o eco de uma voz que um dia prometeu amor e entregou silêncio. Um amor que começou com um beijo numa praça e terminou com uma ligação sem alma. Sophia se sentia vazia, tola, traída. Não apenas por Rafael. Mas por si mesma — por ter abaixado a guarda, por ter entregue o coração.
E naquele dia, entre soluços e memórias, ela aprendeu da forma mais cruel que algumas promessas não se quebram: se apagam. Como se nunca tivessem sido feitas.
P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

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