Mostrando postagens com marcador Jacy e Aruanã. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jacy e Aruanã. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Conto: Corações da Floresta


Era uma vez, em um tempo em que o céu falava com a terra e os rios ainda sussurravam segredos antigos, uma aldeia indígena escondida no coração da Floresta Encantada. Ali, a natureza e o povo viviam em perfeita harmonia, guardando saberes ancestrais e respeitando cada folha, cada pedra, cada sopro do vento.

Na aldeia dos Yaraê, viviam duas jovens corajosas: Jacy, filha do pajé, com olhos tão brilhantes quanto a lua cheia, e Cauã, um jovem caçador que sabia escutar o som do silêncio. Em outro extremo da mesma floresta, na aldeia dos Tupinã, moravam Aruanã, um guerreiro de espírito livre e coração calmo como o rio, e Iandê, uma jovem curandeira de risada fácil e mãos que curavam só de tocar.

Diziam que os dois povos haviam se afastado há muitas luas, por causa de uma antiga disputa por território sagrado. Mas o tempo, esse velho espírito que tudo transforma, decidiu unir os caminhos de seus filhos.

Durante a Festa da Lua Nova, quando os povos celebravam o renascimento do ciclo lunar, os Yaraê decidiram visitar a aldeia Tupinã como um gesto de paz. As estrelas cintilavam como nunca naquela noite, e os anciãos diziam que era sinal de bênçãos.

Foi ali, entre cantos sagrados e danças em volta da fogueira, que os olhos de Jacy cruzaram com os de Aruanã. A conexão foi tão imediata que os velhos sábios da floresta sentiram o ar mudar. Ao mesmo tempo, Cauã avistou Iandê oferecendo chás e flores às crianças da aldeia — e seu coração, antes tão fechado, se abriu como uma flor tocada pelo sol.

Naquela noite, enquanto os corpos dançavam, as almas se reconheciam. Mas o amor verdadeiro nunca é isento de desafios, especialmente quando carrega o peso de histórias antigas.

Os mais velhos de ambas as aldeias desconfiaram da aproximação. “Eles são diferentes de nós,” diziam alguns. “Não devemos repetir os erros do passado,” alertavam outros.

Jacy e Aruanã começaram a se encontrar em segredo, às margens de um lago onde os vaga-lumes dançavam como espíritos felizes. Cauã e Iandê se encontravam numa clareira onde o vento fazia as folhas cantarem melodias suaves.

E foi durante uma dessas noites secretas que ouviram a voz da própria floresta. O espírito Anhangá, guardião dos caminhos e protetor dos apaixonados puros, apareceu na forma de um cervo branco. Com olhos profundos, ele falou:

— “O amor de vocês pode curar as feridas do passado, mas para isso, precisam provar que são guiados pela verdade e não pela paixão passageira.

Anhangá então lhes deu uma missão: encontrar o Coração da Mãe Terra, uma flor dourada que só florescia uma vez a cada cem anos, no ponto onde as águas do rio sagrado se encontravam com a raiz mais antiga da floresta.

Jacy e Aruanã partiram de mãos dadas, guiados pelos sonhos. Cauã e Iandê seguiram por outro caminho, guiados pela intuição. Foram dias de provações — enfrentaram animais encantados, enfrentaram seus próprios medos, e por fim, encontraram a flor sagrada em perfeita harmonia, os quatro juntos, no mesmo instante, como se os caminhos tivessem sido feitos para se cruzarem ali.

Ao entregarem a flor às aldeias, os corações dos anciãos se abriram. As feridas do passado começaram a cicatrizar, e uma nova aliança foi feita entre os Yaraê e os Tupinã.

Jacy e Aruanã se casaram sob a grande samaumeira, árvore sagrada que unia os céus e a terra. Cauã e Iandê celebraram sua união à beira do rio, onde as águas cantavam de alegria.

E desde então, contam-se nas rodas de história que o amor, quando puro como o vento da floresta, é capaz de curar até os espíritos mais antigos. E que duas flores, uma prateada como a lua e outra dourada como o sol, ainda nascem lado a lado na clareira onde os quatro corações se encontraram.

E viveram felizes, em harmonia com a floresta, até que a lua deixasse de nascer.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.