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quarta-feira, 21 de maio de 2025

Conto: No Limiar da Escuridão



Numa cidade onde os segredos se escondiam atrás das janelas fechadas e os becos sussurravam ao cair da noite, vivia Lía, uma jovem de espírito inquieto e olhar que parecia sempre buscar algo — embora ela própria não soubesse o quê. Trabalhava numa pequena livraria no centro antigo, um lugar esquecido pelo tempo, onde o cheiro das páginas velhas competia com o som morno das horas arrastadas.

Havia lendas naquela cidade. Uma delas falava de um homem feito de sombra — Caelum, chamavam-no em sussurros. Diziam que era mais antigo do que o próprio tempo, um espectro que caminhava entre o mundo dos vivos e o que existe além dos véus. Procurado por muitos — bruxos, caçadores, mulheres em luto e homens em desespero — jamais fora encontrado. Diziam que ele escolhia. E escolhia somente uma vez.

Lía nunca deu ouvidos a essas histórias. Era prática demais para mitos e teimosa demais para medos. Mas havia algo que a perturbava. Desde algumas semanas, sentia-se... observada. À noite, os reflexos nas vitrines pareciam mais fundos do que deveriam. Ao caminhar, os passos atrás de si não eram seus. E ao dormir, sonhos com olhos prateados invadiam sua mente — olhos que brilhavam dentro do escuro.

Na terceira noite de lua nova, ela o viu.

Estava em sua varanda, como se já estivesse ali há muito tempo. Um homem alto, de traços quase imperceptíveis, envolto numa escuridão que parecia viva, pulsante. Seus contornos não obedeciam à luz — o luar o atravessava como se ele fosse feito de fumaça densa, mas seus olhos... ah, os olhos... Eles eram reais. Claros. Impossíveis de encarar por muito tempo sem sentir algo se desfazendo por dentro.

Lía congelou, mas não gritou. Ele também não se moveu. O ar entre eles vibrou como se o silêncio tivesse peso.

— Você... existe? — ela murmurou.

— Você não me procurava — ele respondeu, sua voz mais quente do que ela esperava. Um eco suave, envolvente.

— Não.

— Por isso me encontrou.

Naquela noite, ela o deixou entrar. Não porque quisesse — ou sequer entendesse o que estava acontecendo — mas porque algo dentro dela cedeu. Uma parte antiga, adormecida, reconheceu aquele ser.

Caelum não tocava, mas sua presença queimava. Sentava-se em sua poltrona favorita e a observava ler, sem piscar. Suas palavras eram poucas, mas cada uma parecia escolhida a dedo, como se tocassem partes dela que nem ela sabia que existiam.

— Por que me seguiu?

— Porque algo em você é feito de sombra também — respondeu ele. — E a sombra sempre reconhece sua origem.

Os encontros se tornaram frequentes. E perigosos. Lía começou a perder peso. Dormia pouco. Seus colegas notaram seu olhar distante, sua pele mais pálida, sua atenção rarefeita. Mas ela se sentia viva como nunca antes. Caelum não a beijava, mas seu olhar sobre ela era um toque constante. Quando falava ao pé de seu ouvido, o ar esquentava como verão. Quando se aproximava demais, seu corpo tremia — de medo, de desejo, de algo entre os dois que ela não sabia nomear.

Uma noite, ele estendeu a mão.

— Vem comigo.

— Para onde?

— Onde ninguém volta. Onde tudo é sentido, mas nada é dito. Onde o desejo devora e a luz morre.

Lía hesitou. O mundo parecia pequeno demais para ela, mas a eternidade ao lado de um mistério... era um salto sem volta.

— E se eu não quiser mais voltar?

Caelum sorriu. Pela primeira vez. Um sorriso triste, quase humano.

— Então será minha. Inteiramente.

Ela encostou os dedos nos dele — frios como a noite mais escura. E então tudo ao redor desapareceu.

Alguns dizem que ela enlouqueceu. Que sumiu do mapa. Outros juram ter visto uma mulher com olhos de sombra caminhando pelas ruas vazias da cidade, à meia-noite, quando o vento sopra diferente.

Mas os que a conheciam sabem que Lía nunca procurou o perigo. Foi o perigo que a escolheu. E, quando finalmente se olhou de frente, percebeu que uma parte dela sempre pertenceu à escuridão.

Caelum só veio buscá-la de volta.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

domingo, 18 de maio de 2025

Conto: Quando a Chuva Tem Nome


Eu só posso estar ficando louca. Como pode uma simples voz causar esse tipo de arrepio, percorrer minha espinha como um sussurro íntimo, me fazer esquecer o que estava fazendo, onde estava indo, quem eu era? Era só uma voz. Era isso o que eu dizia a mim mesma, tentando recuperar o controle dos pensamentos que giravam feito folhas em vento forte. “Vamos lá, menina, respira fundo. Esquece o som dessa voz. Ficar assim não vai te ajudar.” Mas o corpo parecia não me obedecer. O coração acelerado não ouvia meus comandos racionais.

Foi então que ele se aproximou. Os cabelos um pouco bagunçados, o olhar calmo de quem carrega o tempo no bolso e um sorriso que já nasceu meio vitorioso, como se soubesse que eu não conseguiria disfarçar o tremor nas mãos.

— Eu me chamo Arthur — disse, rindo com naturalidade. — Quando nos esbarramos, você deixou cair suas chaves no chão. Quando percebi, saí correndo pra te alcançar. Acho que emagreci uns dois quilos no processo.

O sorriso dele tinha o poder irritante de ser encantador. Um riso fácil, sem pretensão, que fazia a tarde parecer menos abafada.

— Obrigada, sou a Laura — foi tudo o que consegui dizer. Mas por dentro, meu corpo gritava: Lá vai você ficar parada, menina! Pergunta logo o que está remoendo sua cabeça! Então, antes que o silêncio se tornasse incômodo, soltei, hesitante:

— Essa voz… eu já escutei ela em algum lugar.

Ele arqueou uma sobrancelha, curioso.

— Minha voz?

— Aham… eu conheço sua voz — insisti. — Mas não sei como. Nunca falei com você. Acho…

Arthur me olhou de um jeito que me desmontou. Como se ele tivesse acabado de lembrar de algo muito antigo, algo guardado a sete chaves e que, por algum motivo inexplicável, resolveu emergir naquele exato momento. Passou a mão pelo queixo, deu dois passos para trás e me olhou de cima a baixo com um sorriso travesso.

— Pequeninha, fofa, com uma voz e um sotaque interessante… hum, você me faz lembrar de uma amiguinha.

Franzi a testa.

— Que amiguinha?

Ele deu uma risada baixa, quase nostálgica.

— A minha pequeninha tarada por chuva.

Demorei dois segundos para processar. E então caiu a ficha. Abri um sorriso largo, quase infantil, e deixei a gargalhada escapar, leve como o início de uma tempestade de verão.

— Chuvinha? Chuvinha tentadora é você?

Arthur assentiu com um olhar meio culpado, meio satisfeito.

— Em carne, osso e algumas gotas de saudade.

Foi como se uma janela se abrisse dentro de mim. Uma memória antiga, dessas que a gente enterra sem querer, voltou à tona com uma nitidez absurda. Ele era o garoto das noites de voz no chat de áudio, das conversas aleatórias em fóruns sobre música e livros. Aquele que me chamava de “chuva” porque, segundo ele, minha risada lembrava o som das gotas batendo no telhado.

Na época, éramos dois estranhos conectados por fones de ouvido e tardes sem pretensão. Nunca trocamos nomes reais, nunca vimos rostos. Apenas vozes. Era isso. Era a voz dele. Agora fazia sentido. Aquela voz tinha sido, durante um tempo, meu abrigo favorito.

— Eu não acredito — murmurei, meio zonza com a coincidência absurda. — Você era real esse tempo todo.

Arthur encolheu os ombros com um sorriso quase doce.

— Sempre fui. Mas confesso que preferia o mistério. Até te ver hoje. Aí percebi que queria descobrir se a chuva ainda caía igual.

Ficamos em silêncio por um momento. Um silêncio confortável. As pessoas passavam apressadas ao nosso redor, a cidade seguia em sua rotina barulhenta e impessoal, mas ali, entre nós, havia algo suspenso, suave, inesperado.

— E aí, chuvinha — ele disse, com aquele tom provocativo que me fez sorrir mesmo sem querer. — Vai me deixar descobrir se a tempestade ainda mora em você?

— Só se você prometer que não vai mais fugir da chuva.

Ele sorriu como se já soubesse a resposta antes mesmo de perguntar.

E então, como se fosse um trecho que o universo esperava para tocar há anos, começou a chover.

Não corremos.
Não nos escondemos.
Apenas ficamos ali, encharcados, rindo.

Como se o tempo todo, tudo estivesse esperando apenas aquele reencontro.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Conto: Entre os Véus do Sono


Desde pequena, Melanie era diferente. Não no sentido óbvio que os adultos gostam de apontar — ela não era excessivamente tímida, nem tão brilhante a ponto de chamar atenção nas aulas. Mas enquanto o mundo dormia e se perdia em fragmentos confusos de sonho, Melanie caminhava por florestas que respiravam, cidades que flutuavam no céu, mares cujas ondas cantavam em línguas antigas. Seus sonhos não eram feitos de névoas — eram tão vívidos que, ao despertar, ela sentia o cheiro da madeira molhada, ouvia ainda o eco das vozes que a chamavam por nomes que ela nunca soube que tinha.

Ao completar dezessete anos, algo mudou. Ela começou a despertar dentro dos próprios sonhos — não como expectadora, mas como alguém que escolhia onde ir, o que dizer, o que tocar. Descobriu, com o tempo e alguma leitura escondida, que aquilo tinha nome: projeção astral.

E foi numa dessas noites, em um campo de girassóis sob um céu violeta, que ela o viu pela primeira vez.

Peter.

Não foi ele quem disse seu nome — foi o vento. Soprando entre as flores, sussurrando em seu ouvido com um calor quase humano: Peter...

Ele estava parado ao longe, de costas para ela, com as mãos nos bolsos de uma calça escura. Tinha o cabelo castanho, desalinhado como se nunca tivesse conhecido um pente, e uma presença que fazia o tempo ali desacelerar. Melanie tentou correr até ele, mas o campo parecia se estender a cada passo — e quando enfim o alcançou, ele se virou… mas seu rosto, sempre seu rosto, era um borrão de sombra e luz. Uma metade oculta, como se o universo ainda não tivesse decidido o que ele era.

— Quem é você? — ela perguntou, tentando tocar seu braço.
— Você sabe — ele respondeu, com uma voz que era ao mesmo tempo familiar e nova, como uma lembrança esquecida da infância.

Acordou chorando, sem saber por quê.

No dia seguinte, tentou escrever sobre ele em seu diário. "Peter" era tudo o que tinha. Nenhuma pista de onde ele morava, de quem era, por que seus olhos — embora nunca vistos — lhe causavam tanto arrepio no peito.

Noites seguintes, ela tentou reencontrá-lo. Aprendeu a se concentrar antes de dormir, a visualizar o campo de girassóis. Às vezes, dava certo. Às vezes, encontrava-se em outros lugares: uma estação de trem em ruínas, uma ponte suspensa entre dois mundos, um deserto onde as estrelas caíam como neve. E Peter estava sempre lá — de costas, de perfil, atrás de uma neblina ou com o rosto mergulhado em sombra. Nunca completamente visível. Mas sempre presente.

Havia uma conexão entre eles que não podia ser explicada. Ela sentia isso nos ossos, como se tivessem se encontrado mil vezes antes, em vidas que ela mal conseguia lembrar.

Certa noite, num jardim onde as flores sussurravam segredos ao vento, Melanie ousou mais.

— Por que não consigo ver você? — perguntou, com a voz embargada. — Por que está sempre escondido?

Peter hesitou. Pela primeira vez, sua silhueta pareceu tremular, como se estivesse prestes a desaparecer.

— Porque você ainda não está pronta — disse. — Algumas verdades não sobrevivem à luz do dia.

Ela acordou com o coração acelerado, a respiração falha, como se tivesse corrido mil quilômetros em direção a algo que escapava por entre os dedos.

Mas não desistiria.

Porque, de algum modo que nem ela mesma compreendia, Melanie sabia: encontrar o rosto de Peter seria como encontrar uma parte perdida de si mesma.

E enquanto o mundo dormia em silêncio, ela fechava os olhos com um sussurro no peito.

Peter... estou chegando.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Conto: A Montanha Tatra


A arte me consome.

Não é uma metáfora romântica, é quase física. Ela me toma por dentro, como se cada traço, cada som, cada palavra que surge na minha mente tivesse o poder de me atravessar. Em momentos assim, quando estou mergulhada em um desenho, numa melodia que apenas eu escuto, sinto minha alma se alongar, esticar-se até encontrar alívio. O tempo para. Tudo congela, menos eu e aquilo que estou criando. Ali, naquele breve instante de entrega, posso respirar.

É sempre isso. Quando me falta ar, é à arte que peço socorro.
E quase sempre, ela me responde.

Mas houve dias… dias longos, silenciosos, onde nem mesmo ela conseguia me alcançar. Eu me escondi fundo demais — não do mundo, mas de mim. Ela tentava tocar as bordas da minha existência, mas eu estava além. Ainda assim, de forma estranha e generosa, ela encontrou uma maneira de me alcançar. Me ofereceu mais uma válvula de escape: o silêncio.

Não o silêncio passivo, morto. Mas aquele que me permite sumir por dentro. O silêncio que me autoriza a desaparecer das expectativas, das palavras prontas, dos sorrisos ensaiados. Não precisei explicar a ninguém. Não precisei dizer os motivos. Alguns estavam visíveis, sim, nas minhas expressões, na minha ausência. Mas os reais… os reais estão presos dentro de mim, submersos em um subconsciente que ainda não me permite compartilhar sua metade.

Não agora.

Talvez um dia. Mas talvez não.

Às vezes abro os olhos e, por um momento, penso estar pronta para voltar. Voltar para onde? Ainda não sei. Então fecho os olhos de novo. E nesse gesto simples, quase infantil, descubro algo precioso: quando fecho os olhos, estou livre. Recuso o mundo, retomo minha solitude. Abandono tudo o que me prende — mas não esqueço. Nunca esqueço.
E é por isso que retorno.

Sempre retorno.

E retorno cheia de sonhos que, no fundo, sei que não se realizaram. Que talvez nem nasceram para se realizar. São viagens. Astral. Invisíveis. Instáveis. Sou feita delas. E é quando volto para o mundo que percebo com clareza: não é aqui que pertenço. O chão é duro demais. As vozes, altas demais. O real, cru demais. Não me encaixo.

E tudo bem.

Encaixo-me a milhas acima do que chamam de vida. Encaixo-me no vento. Nas alturas. Nos espaços onde o pensamento se dissolve e o corpo se entrega. É ali, entre o grito e o silêncio, que existo inteira. Onde posso correr livre, feroz, calma. Onde posso ser viva sem permissão.

Coragem e controle. Duas palavras que sempre desejei carregar comigo. Queria poder calar essas vozes que vivem em minha cabeça. Queria poder dizer “basta” e que elas se calassem. Mas não posso. Elas falam por mim. Às vezes contra mim. São parte de mim. E talvez seja por isso que eu escreva — por não saber silenciá-las.

Então, por favor. Não tenha medo.

Me permita estar aqui, mesmo sem estar.
Me encontre nas entrelinhas, nos espaços em branco.
Faça das minhas palavras algo mais bonito do que elas parecem ser.
Use-as como pontes.
Quebra muros.
Derrube tudo o que o mundo construiu entre nós.
Enfrente os dragões — sim, eles existem — que guardam os cinco cantos da minha existência. Eles são antigos, famintos, mas não invencíveis.

E quando tudo parecer confuso demais, siga meu último traço:
A montanha Tatra.

É lá que estarei.

Você saberá quando chegar. Sentirá o vento diferente. O ar vai doer nos pulmões. Mas não desista.
Procure os olhos selvagens, as marcas do frio, o uivo que não é só animal.
Estarei na companhia dos lobos. Eles me aceitaram como sou.
Eles não exigem explicações.
Não pedem cura.
Eles apenas correm.

E eu corro com eles.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

domingo, 4 de maio de 2025

Conto: O Que Ficou Para Trás

 

A brisa do fim da tarde era leve, mas carregava algo estranho naquela cidade onde Amy não pisava há muitos anos. Estava em uma viagem de trabalho, voltando de um evento corporativo, quando saiu do prédio do hotel e caminhou em direção ao estacionamento. Usava salto alto, um vestido que lhe caía bem e a postura de uma mulher segura. Já não era a garota de vinte anos atrás — mas o mundo tem um jeito irônico de testar nossa evolução.

Ao se aproximar do carro, foi interrompida por uma voz masculina, firme, porém gentil:

— Boa tarde, senhora. Posso ver sua carteira de motorista?

Ela se virou sem muita paciência, puxando a carteira da bolsa. Mas, ao erguer os olhos, sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha.

Aquele rosto.

Aquele sorriso, meio torto, inconfundível.

Augusto.

Ele a reconheceu de longe. Não teve dúvida. O cabelo agora tinha um tom diferente, o corpo mais maduro, mas o jeito de andar, a expressão decidida — eram dela. E por um segundo, tudo parou. O tempo, o barulho dos carros ao redor, os passos das pessoas no estacionamento. Apenas os dois.

Amy demorou um instante para reconhecê-lo. Estava mais velho, claro, com marcas no rosto que denunciavam os anos. Mas o olhar era o mesmo — aquele olhar que um dia foi abrigo e prisão ao mesmo tempo.

— Augusto?

Ele sorriu. O mesmo sorriso de quando ela o ajudava a estudar para as provas, ou quando os dois fugiam do mundo para se beijar às escondidas em um canto qualquer da escola. Mas aquele sorriso, que um dia a derretia, agora só trazia memórias confusas. E dolorosas.

Sem aviso, ele se aproximou e a beijou. Foi um beijo intenso, ousado, carregado de anos represados. E, por mais que quisesse resistir, por um breve momento, ela se entregou. Ainda havia ali, perdido em algum canto escondido, um vestígio de atração. O corpo lembrou. Mas a alma... essa, não era mais a mesma.

Quando ele recuou, ofegante, com os olhos brilhando de satisfação, disse com uma confiança quase infantil:

— Eu sabia que você ainda gostava de mim.

Amy sorriu. Um sorriso frio. Não de quem está feliz, mas de quem sabe exatamente quem é e o que superou.

Ela se aproximou devagar, deixando os olhos colados aos dele, e sussurrou em seu ouvido:

— Meu coração e minha mente já se livraram de você há muito tempo, Augusto. Acho difícil você conseguir mexer com os dois outra vez. Apesar de que... pelo visto, o único que sentiu falta foi meu corpo. Mas isso é passageiro. Eu consigo apagar esse fogo com outro corpo.

Ela piscou. Viu nos olhos dele a confusão, o desejo e a frustração se misturando como um coquetel venenoso. Deixou-o sem palavras. Era sua vez de quebrá-lo.

Virou-se, ajeitou os cabelos com elegância, e antes de entrar no carro, lançou a última frase como uma flecha certeira:

— Eu não vivo de passado, Augusto. O que era pra acontecer com a gente, já aconteceu. Agora, nossos caminhos não são mais os mesmos.

E partiu. Com os passos firmes de quem não olha para trás.

Vinte anos antes, era tudo diferente.

Amy e Augusto viviam o que todos achavam ser o romance perfeito. Estavam sempre juntos — nas aulas, nos intervalos, nas festas e nas madrugadas em chamadas longas, dividindo sonhos, inseguranças e planos para o futuro. Eram melhores amigos e amantes, cúmplices em tudo. Se entendiam com o olhar. Se cuidavam, se respeitavam — ou, ao menos, era o que ela acreditava.

Amy fazia tudo por ele. Colava bilhetes de apoio nas provas, levava comida na mochila quando ele esquecia, o defendia nas brigas com os outros amigos, e era seu ombro nas crises familiares. Ele, por sua vez, retribuía com presença, carinho, e um charme avassalador que parecia reservado só para ela.

Mas era tudo fachada.

Augusto era o tipo que gostava de se sentir desejado. Não importava o quanto Amy o amasse, o quanto ela estivesse presente — ele sempre procurava mais. Mais olhos sobre ele, mais beijos aleatórios, mais conquistas descartáveis. Traía Amy sem remorso. Com outras colegas da escola. Com garotas em festas. E depois voltava, com lágrimas falsas, promessas ensaiadas e a habilidade cruel de saber onde tocar para quebrá-la.

Ela tentou resistir. Terminou. Chorou. Mas ele voltava, sempre com um discurso de redenção, e ela, ainda frágil pelo amor, vacilava. Voltou uma, duas, três vezes.

E em todas elas, o ciclo se repetia. Promessas. Paixão. Traição. Dor.

Até que, aos 19, ela recebeu a carta de aprovação para a universidade em outra cidade. E naquele momento, entendeu que era sua chance de se salvar. Partiu sem despedidas, sem bilhetes, sem mais conversas. Pela primeira vez, colocou um ponto final que ele não pôde apagar.

Longe dali, reconstruiu-se. Estudou. Trabalhou. Se tornou uma mulher segura, dona de si, dona dos próprios passos. E nunca mais permitiu que Augusto entrasse em sua vida.

Agora, ali, no estacionamento iluminado pelo pôr do sol, ele a olhava como se o tempo tivesse parado.

Mas ele sabia — ela não era mais a garota de antes. Ela era uma mulher que sobreviveu ao que ele destruiu.

E ele, por mais que desejasse apagar tudo e começar de novo, sabia, no fundo, que era tarde demais. Amy ainda morava nele: no coração, na mente, e no corpo. Mas ele? Para ela, ele já era apenas um nome em um capítulo superado.

E o passado... é um lugar onde ela já não vive mais.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

Conto: Quando Dois Silêncios se Tocam


A cidade respirava lento naquela hora onde os postes começam a acender por hábito e os pássaros se recolhem em silêncio. Era o entardecer — esse instante em que o mundo parece suspenso entre o que foi e o que ainda não começou. Os prédios lançavam sombras longas sobre o asfalto, e um vento morno soprava como quem carregasse notícias antigas. Foi nesse intervalo rarefeito que Lili surgiu na esquina de uma rua que não lembrava seu nome.

Ela vinha com passos calmos, cabelos longos, escuros, escorrendo pelas costas como uma cachoeira negra, soltos ao vento como asas. Usava um vestido simples, azul-marinho, mas o modo como o tecido dançava ao redor do corpo dava a impressão de que ela flutuava. Tinha os olhos fixos em lugar nenhum, como quem busca um horizonte dentro de si mesma.

Roy estava ali, no meio-fio da calçada, como uma escultura cansada de ser invisível. Tinha o coque samurai desfeito, alguns fios caindo na testa, o cotovelo apoiado nos joelhos, e os olhos — ah, os olhos — perdidos entre o cigarro apagado nos dedos e o lento desfilar do tempo. Não esperava nada. Não queria nada. O mundo era um jogo vencido, e ele apenas cumpria o papel do jogador cansado, sorrindo por fora, entediado por dentro.

Mas então a viu.
E tudo mudou, sem fazer barulho.

Era como se duas forças esquecidas do universo se tocassem. Como se o pó estelar de suas almas, guardado em caixas enferrujadas, de repente se lembrasse do caminho uma da outra. Foi um instante sem explicação lógica, como são todos os momentos verdadeiramente importantes.

Ela cruzou seu campo de visão e ele, por reflexo ou destino, disse: 

— Nunca vi a noite andar tão bonita por aí.

Lili parou. A cabeça inclinada, o cabelo caindo sobre o ombro, e um sorriso que não era inteiro, como se testasse se era seguro sorrir.

— E você? Esperando o fim do mundo ou só alguém que ainda acredita no amor?

Roy arqueou uma sobrancelha. Ninguém o desarmava tão fácil. Mas ali estava ela. Um espírito livre, e ele, uma fortaleza em ruínas.

— O fim do mundo, com certeza. Amor... é só outro nome bonito pra queda.

Mas ela riu. Um som leve, como sinos pequenos em uma vila distante. E ali, entre faróis que passavam e o cheiro da noite nascendo, um fio invisível se esticou entre os dois. Uma ponte silenciosa. Um convite.

O que veio depois foi um delírio que parecia não querer acabar. Começaram a se encontrar sem marcar. Lili aparecia em cafés sem nome, em calçadas vazias, em telhados silenciosos. Roy a reconhecia sempre de longe — pela forma como o vento se tornava mais leve quando ela chegava. Ele, acostumado a jogos rápidos, se viu preso em algo mais perigoso: ternura.

Ela dançava no meio da rua com os olhos fechados, fazia perguntas sem querer respostas, escrevia cartas e as deixava em livros escondidos pela cidade. Roy ria disso tudo. Mas era um riso estranho. Um riso que doía. Porque ela, com sua liberdade desarmada, tocava partes dele que ele mantinha escondidas até de si mesmo.

E, como todo homem que vive nas sombras, ele começou a recuar quando a luz ficou intensa demais.

Roy começou a se calar. A mudar a entonação. Pequenos afastamentos. Gestos frios. Palavras que antes eram poesia, agora viravam concreto. E Lili... ah, Lili sentia. Não dizia nada. Só observava.

— Você está indo embora — ela disse, um dia, sob um céu pesado de nuvens.

— Não, só me afastando um pouco.

— Roy, quem se afasta do que ama está, na verdade, indo embora.

Ele ficou em silêncio. O único som era do vento passando entre as folhas. No dia seguinte, ela não apareceu. Nem no outro. Nem no outro. E nunca mais.

Os meses se esticaram como cordas finas prestes a romper. Roy voltou aos velhos hábitos. Mas nenhuma boca tinha o gosto do beijo que Lili dava. Nenhum toque acendia a pele como os dela. Nenhum olhar trazia a inquietação boa que ela causava. Era como viver um filme onde a melhor parte havia sido cortada.

Começou a escrever cartas que nunca enviava. Começou a sonhar com ela parada em ruas vazias, olhando para trás. Começou a entender, tarde demais, que o que viveram não foi uma aventura. Foi um amor — o tipo raro, que atravessa o peito e deixa cicatriz bonita.

E então, numa noite sem data, Roy voltou àquela mesma rua. O mesmo meio-fio. A cidade era a mesma, mas ele não. Agora, o coque estava desfeito de vez. Os olhos, mais fundos. As mãos, vazias.

Sentou-se como da primeira vez. Olhou para cima. A lua estava cheia, alva, parecendo vigiá-lo.

— Agora... — disse ele, como quem confessa ao céu — agora é só a lua e eu.

Mas algo naquela frase soava menos como lamento e mais como começo. Porque dentro do silêncio que restou, algo ainda vibrava: a lembrança de um amor real. Selvagem. Honesto.

Um amor que, mesmo perdido, ensinou que certos encontros não são para durar. São para despertar.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

sábado, 3 de maio de 2025

Conto: Entre Acordes e Silêncios


As luzes da cidade sempre pareceram mais brilhantes para quem as vê de longe. Para Nathan Vega, vocalista da icônica banda de rock alternativo Black Void, elas já haviam perdido o brilho fazia tempo. Celebrado por sua voz rouca, letras cortantes e presença explosiva nos palcos, Nathan carregava uma sombra que nem os holofotes conseguiam dissipar: anos de autodestruição, noites mergulhadas em álcool, drogas e amores descartáveis.

Aos trinta e quatro anos, com discos de platina e escândalos nos tabloides, Nathan era um homem em ruínas que ainda conseguia fingir ser inteiro diante das multidões. Mas o palco, aquele altar onde ele gritava seus demônios, começava a se tornar pequeno demais para conter o vazio que crescia dentro dele.

Foi em um showcase intimista em São Paulo, parte da turnê latino-americana da banda, que sua vida deu um solavanco sem aviso.

Alyssa Campos — ou apenas Aly, como preferia ser chamada — não era o tipo de fã que colecionava pôsteres ou gritava na fila do camarim. Com vinte e dois anos, estudante de Letras e alma feita de poesia, ela acompanhava o trabalho da Black Void desde a adolescência. Suas canções a tinham ajudado a atravessar lutos silenciosos, madrugadas de insônia e a incompreensão de um mundo que parecia sempre corrido demais para quem amava devagar.

O showcase aconteceu em uma casa de shows pequena, com teto baixo e cheiro de madeira velha. Aly estava na terceira fileira, seu olhar fixo em Nathan. Mas não era o desejo de uma fã, era um olhar de quem via além da fumaça e da maquiagem borrada. Ela via o homem cansado por trás da lenda.

E Nathan viu isso.

Entre uma música e outra, seus olhos se prenderam aos dela. Não por acaso. Não como ele fazia com qualquer uma das garotas na plateia. Era diferente. Como se, ao encará-la, pudesse ver o reflexo de si mesmo, só que limpo, antes da queda.

Após o show, houve um rápido encontro com fãs selecionados. Quando ela entrou na sala, o ambiente mudou. Ele estava cercado por sua equipe, o cheiro de uísque barato ainda presente, mas tudo se calou por um instante.

— Qual o seu nome? — ele perguntou, como se ela já não o tivesse escrito em cada música que ouvia.

— Aly.

Ela sorriu, tímida. Um sorriso que não tinha artifício, só luz.

Eles conversaram por poucos minutos. Ele se esforçou para parecer descontraído, mas as palavras tropeçavam. Aly, embora fascinada, mantinha uma barreira invisível, e Nathan, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se nu diante de alguém.

Nos dias que se seguiram, ele tentou achá-la nas redes, mas ela parecia intocável, quase etérea. Começou a ir atrás dela como quem procura uma canção esquecida. Não conseguia mais tocar ninguém. As groupies que se ofereciam nos bastidores agora pareciam vazias, como copos após a festa.

Enquanto isso, Aly também pensava nele. Mas sua mente a traía com frases duras: “Ele é só mais um astro do rock. Vai te usar e jogar fora. Você não é diferente das outras, por mais que ele diga que sim.

Mas ela era.

E Nathan sabia disso.

O destino, que às vezes gosta de brincar de dramaturgo, os uniu de novo em um café próximo à livraria onde Aly fazia estágio. Ele a viu sentada sozinha, lendo Sylvia Plath, e não resistiu.

— A vida é um buraco negro bonito, não é? — disse, apontando para a capa do livro.

Ela ergueu os olhos, surpresa.

— Você?

— Achei que tinha sonhado com você — ele disse, com um sorriso triste. — Mas você é real.

Conversaram por horas. Ela, reservada. Ele, honesto como nunca tinha sido. Contou sobre sua infância quebrada, sobre as internações, as recaídas, sobre como cada música que escrevia era uma tentativa desesperada de se salvar.

Aly se comoveu, mas ainda havia medo. Ela sentia algo por ele, mas se recusava a ser mais uma cicatriz em sua história. E então sumiu. Ignorou mensagens, evitou lugares, tentou esquecer aquele olhar cansado e doce.

Nathan, no entanto, permaneceu firme. Evitou os vícios, rejeitou convites fáceis, mudou sua rotina. Começou terapia, retomou a música com um novo olhar. Escreveu uma canção chamada “Inocente & Incandescente”, e nela, Aly estava em cada verso.

O clímax da história chegou em uma noite chuvosa, semanas depois.

Aly saía da faculdade quando um colega insistente — um daqueles tipos sorridentes demais para serem sinceros — tentou beijá-la à força. Ela tentou recuar, mas o cara a segurou pelo braço, pressionando-a contra o muro do estacionamento vazio.

Foi quando uma figura surgiu da escuridão.

Nathan o afastou com um empurrão e um soco rápido, resultado de uma fúria contida que não tinha nada de performática. O outro caiu no chão, atônito, enquanto Aly, trêmula, respirava com dificuldade.

— Tá tudo bem agora — ele disse, aproximando-se devagar, com um cuidado que doía.

Ela o olhou, os olhos marejados. Não disse nada. Apenas o abraçou. Forte. Como se segurasse uma parte de si que ainda não sabia que existia.

Naquela noite, Aly finalmente entendeu.

Nathan não queria apenas possuí-la. Ele queria ser melhor por causa dela.

E ela, cansada de fugir da própria vontade, resolveu acreditar.

Hoje, eles não têm uma história perfeita. Ainda há sombras, medos, recaídas. Mas há também composições a quatro mãos, manhãs silenciosas com cheiro de café e tardes em que ela lê em voz alta enquanto ele dedilha acordes no violão.

Porque o amor não salvou Nathan. Mas o fez querer se salvar.

E isso, talvez, seja o mais próximo da redenção que alguém como ele poderia alcançar.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Conto: Onde as Sombras Esperam


O relógio da praça marcava exatamente 18h14 quando Kyle a viu pela primeira vez. Sentada num banco de madeira coberto de musgo, Lika desenhava com o olhar absorto e os dedos manchados de carvão. A luz do entardecer esculpia contornos dourados nos seus cabelos avermelhados, e os olhos, da cor do âmbar úmido, brilhavam como se capturassem o mundo inteiro em uma única página.

Kyle a observou por tempo demais para que fosse apenas curiosidade. Não sabia ainda o porquê daquela inquietação súbita que crescera em seu peito. Era como se, ao vê-la, uma parte esquecida de si tivesse despertado — uma memória, talvez, ou um aviso.

Ninguém sabia de onde ele tinha vindo. Kyle aparecera na cidade de Aelmoor no último inverno, silencioso como a neve que caía sem pressa sobre as ruas de paralelepípedo. Morava no sótão de uma antiga livraria abandonada, onde colecionava relógios parados, espelhos cobertos por véus escuros e páginas de livros que não existiam mais. Seu rosto era belo, sim, mas de uma beleza fria, cortante — como uma estátua esquecida no tempo. As crianças diziam que ele falava com corvos. Os mais velhos murmuravam que ele tinha sangue amaldiçoado.

Mas Kyle era apenas uma sombra entre sombras — até Lika aparecer.

Lika era luz. Ela desenhava com fúria e graça, preenchendo folhas com mundos que pareciam querer sair do papel. Tinha vindo de outra cidade após a morte repentina da mãe e buscava em Aelmoor alguma paz, alguma raiz. Trabalhava numa pequena loja de molduras, mas passava as tardes vagando com seu caderno de desenho.

Quando Kyle se aproximou pela primeira vez, ela não se assustou. Apenas ergueu os olhos e perguntou:

— Vai ficar parado aí muito tempo?

Ele apenas sorriu, com um sorriso torto, como quem não lembrava a última vez que sorriu. Sentou-se ao lado dela e não disse mais nada. No silêncio, os dois pareceram se entender.

Nas semanas que se seguiram, Kyle passou a segui-la como uma sombra dócil. Às vezes, apenas observava; outras, deixava flores negras no banco onde ela costumava sentar. Lika, por sua vez, começou a desenhá-lo. Mas por alguma razão, nunca conseguia completar o rosto dele.

— Seus olhos não param no papel — dizia, frustrada.

— Talvez seja porque meus olhos já morreram há muito tempo — respondeu ele certa vez, enigmático.


O amor crescia, mas algo em Kyle o puxava para longe, como se o tempo lhe cobrasse uma dívida antiga. Havia marcas nos braços dele — cicatrizes de garras, símbolos gravados a ferro. À noite, seus pesadelos acordavam os pássaros, e seu grito ecoava entre as árvores como um lamento antigo.

Lika tentou perguntar. Ele apenas disse:

— Eu não sou feito pra luz. Mas você... você me fez querer lembrar como era o calor.

Ela o amou, mesmo sem compreender.

Uma noite, quando o céu parecia mais escuro que o habitual, uma figura apareceu na livraria. Um homem de olhos brancos e língua de cinzas. Kyle o reconheceu de imediato.

— Você prometeu. Um coração puro, em troca da sua maldição.

Kyle empalideceu.

— Ela não... não pode...

— O pacto foi feito, irmão do Vazio. Ou ela morre. Ou volta para as sombras de onde você veio.

Na manhã seguinte, Kyle não apareceu. Lika o procurou pela cidade, pelo bosque, pela velha ponte onde haviam se beijado pela primeira vez. Nada.

Naquela noite, ela encontrou um caderno. Era dele. Dentro, desenhos dela. Cada traço, cada gesto seu capturado com uma delicadeza quase divina. No final do caderno, uma carta:

*"Lika, meu raio de luz nas ruínas do mundo,
Meu nome não é Kyle. Meu verdadeiro nome foi apagado na noite em que vendi minha alma para salvar minha irmã de um destino cruel. Paguei o preço: vivi entre os mortos, nunca amando, nunca sentindo. Até você.

Você me deu a lembrança do que era ser humano. E é por isso que não posso permitir que o pacto leve você. Esta será minha última noite nesta terra. Não chore. Transforme minha ausência em arte.
Nos seus desenhos, eu viverei.
— K."*

Lika chorou por dias. Não havia corpo, apenas o casaco negro dele, encharcado de orvalho sobre o banco onde ela o conhecera.

Epílogo – O Retrato

Anos se passaram. Lika ficou conhecida como a “Desenhista de Sombras”. Suas exposições eram visitadas por milhares. O quadro mais famoso — um homem de olhos indecifráveis e sorriso triste — era chamado de “Kyle”.

Diziam que, em noites de neblina, um vulto de casaco escuro caminhava entre as árvores de Aelmoor, parando por instantes diante do ateliê de Lika, como se ainda a observasse desenhar.

E ela, sempre que sentia a presença, apenas sorria. Porque sabia: algumas sombras, quando amadas, aprendem a brilhar de novo.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Conto: Guarda-Chuva





As risadas estavam altas, que abafavam o som da chuva insistente só não de um coração medroso que insistia nas batidas frenéticas sempre que o via sorrir. 

O relógio marcava 00:00 quando eles resolveram sair o tempo não havia dado trégua, a chuva estava cada vez mais forte, as casas estavam todas iluminadas a única com as luzes apagadas eram a nossa, enquanto Maria esperava seu namorado José abrir o portão Angélica esperava para abrir o seu guarda-chuva e correr para o carro deles, mas as coisas não aconteceram assim.

— Espere um minutinho que vou falar com José e já volto aqui.

Maria então pegou da mão de Angélica seu guarda-chuva e foi até José que já estava em seu carro, ali ela cochichou em seu ouvido e então soltou uma gargalhada e logo veio em nossa direção.

— Angel você vai com meu filho que eu e José queremos ficar mais um tempo junto.

Com um sorriso malicioso Maria se afastou dos jovens e foi na direção do carro, entrou fechou a porta e então acenou para que eles apurassem e entrassem no seu carro.

O coração aflito e medroso da garota parecia saltar pelo peito e não só porque ela sabia que eles iam ficar sozinhos, mas porque ela também tinha medo dele, medo da forma como Henrique olhava para ela, medo de como o som das palavras pronunciadas por ele lhe dava arrepios, porém seu medo maior era da forma como estava gostando dele. Ela sabia que ele tinha um coração de pedra, que gostava de brincar com as garotas, sempre o via trocar de garotas como ele trocava de blusa, elas eram como peças de seus motores não tendo utilidades ele descartava e punha outro no seu lugar.

— Você vai ficar quanto tempo ai com essa cara de boba. 

Com um sorriso mais malicioso que aquele que sua mãe havia lançado a eles Henrique então pegou as mãos de Angélica e a levou para seu carro. Sem saber como respirar direito ela ficou ali olhando para suas mãos, estava com medo de fechar a porta e levar um xingão por isso.

— Henry - ela chamou ( Henry era a maneira que ela chamava Henrique desde que eles se conheceram).
— Já sei, pode deixar que eu fecho a porta para você pequena e anjo bobo.
— Ei, eu não sou boba nem anjo só pequena mesmo.

Ele riu como sempre ria quando estava com ela, então inclinou-se na sua direção puxando a porta e a fechou, mas em vez de voltar para seu banco ele ficou ali inclinado sobre ela, a ponta dos seus narizes rosando um no outro, então ele pegou seu queijo ergueu levemente até que seus lábios se encontraram e então ele a beijou e não foi qualquer beijo, suas bocas tremiam com êxtase a cada encontro de suas línguas deixando-os ofegantes, mas então ela parou balançou a cabeça e o afastou.

— Ahhnnnnnn… Nós não devíamos fazer isso.
— Porque não Angel, se eu gosto de você e você gosta de mim?
— Você não gosta de ninguém Henry.
— É ai que você se engana, eu sempre gostei de você só que você nunca me deu uma chance pra provar que eu sempre quis ser o seu guarda-chuva.

Ela então deixou-o surpreso quando ela passou para seu banco sentou nas suas pernas e então continuou o beijo que havia interrompido, para ela aquelas poucas palavras disseram tudo o que ela sempre quis escutar, ele seria seu guarda-chuva, seu amigo e amante.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeite os direitos autorais dela.

segunda-feira, 14 de março de 2016

A rotina entre eu e você.



Era mais um dia comum, era mais uma rotina a ser cumprida, casa, trabalho, faculdade e então tudo se repetindo. E foi então que você apareceu me deixando confusa e com um desejo de querer mudar minha rotina e não ser mais a garota solitária que havia me transformado, você me fez desejar intensamente o que não podia ter me deixando com aquele gostinho amargo no céu da boca. 

E assim foi, as horas, os minutos e os segundos desde então.

As horas passam e o desejo em te ver, falar com você me carrega para um novo sonho. 'Você vai passear por eles?' E não é que eu tenho sonhado com você, sonhos em que não reprimo meus sentimentos por você, sonhos estes me fazem acordar seja na manhã mais quente ou fria com aquele sorriso que vai de orelha a orelha.

E então eu acordei.

Despertei, torci os lábios desejando continuar na cama espichei os braços, acordava todas as manhãs  aos sonhos de passarinhos e uma coruja insistente que agora me deixavam aborrecida com seu canto, 'Desliguei o despertador' pulei da cama tomei um banho quentinho coloquei a roupa do trabalho e dei início ao meu dia à minha rotina.

Sem novidades a não ser que hoje foi um daqueles dias em que não sobra tempo para respirar, pois o trabalho do final de semana estava na mesa e precisava por em dia a papelada até o final do expediente para então dar continuidade a segunda etapa do dia, banho, lanche e uma pequena corrida para pegar o ônibus que me levaria para faculdade me restando a madrugada em que voltaria a correr pegar o ônibus e retornar para casa. e por fim desceria do ônibus contando os passos que faltavam para alcançar minha casa e minhas cobertas quentinhas.

***

Eu não sei como esta sendo sua rotina, os seus dias. 'Você pode me contar?' Não temos mais aquele tempo nem conseguimos nos encontrar mais para contarmos sobre nosso dia, para conhecermos melhor a nós, para descobrirmos coisas novas um dos outros. 'Com isso eu posso acreditar que a sua rotina está tão pesada como a minha, ou você não deseja mais me conhecer?'

Essas são conversas que faço comigo mesma a procura de uma resposta do porque nos afastamos e deixamos estudos e trabalho nos separar, porque aceitamos que ficar sozinho é melhor do que estar junto.

Afinal no que nos transformamos?


P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeite os direitos autorais dela.


sábado, 20 de fevereiro de 2016

O Garoto da Biblioteca





Foi um dia ensolarado não haviam nuvens no céu, desde que despertei o sol me desejava bom dia sorridente enquanto eu o olhava com cara de emburrada, sabia que aquele dia seria difícil. Não gosto de dias quentes, gosto dos dias frios, é neles que me sinto confortável, dias estes que conto meus passos e até agradeço pelo bom dia que o sol me deseja, agora esses dias quentes me deixam desconfortável e no final do dia o que resta não são sorrisos e sim uma garota sofrendo com mais uma das enxaquecas que gostam de aparecer nesses dias, porém este dia foi diferente por causa dele o final foi modificado.

–Em que posso lhe ajudar.
– Bom vamos ver, Brisa é esse seu nome? Ele falou apontando para meu crachá.
– Sim, me chamo Brisa.
– Que nem a brisa do mar, vento leve, fresco, considerado como agradável.
– Já me acostumei quando fazem brincadeiras ou me relacionam com algo apenas agradável, mas eu posso ser mais que um vento leve. _ Não sei porque ouvir dele o que os outros sempre me chamaram me irritou tanto, mas eu continuei. 
– Desculpe ser groseira, mas já sendo você não deve fazer brincadeira com o nome das pessoas, você não sabe, mas nomes carregam um grande história e significação por trás deles, eu não sou apenas um brisa agradável ou um vento leve eu sou, eu sou forte e posso ser um furacão.
– Eu sabia que por trás daquela calmaria havia uma tormenta.
– Do que você esta falando?
– Me chamo Ari, e faz um tempo que venho te observando. Você nunca se aproxima das mesas, só vem caso precisam de ajuda e mesmo assim você sempre faz uma carinha de desgosto quando teu chefe te manda atender os leitores, você nunca sorri a não ser quando esta entretida com alguma história é ai que você fica mais linda quando você sorri.
– Quem é você, um stalker, um tarado?
– Eu já disse me chamo Ari e tenho te observado a um bom tempo e não só aqui, na faculdade também, você parece um bichinho assustado, por isso queria te provocar pra saber o que havia por baixo daquela calmaria.
– Se você não precisa de minha ajuda eu vou voltar para minha velha e costumeira calmaria. Dei-lhe as costas sem olhar para traz e voltei para minha rotina.


Rotina...

Pensei que não o veria mais, para meu azar depois do nosso pequeno conflito na biblioteca comecei a enxerga-lo, na faculdade, na esquina, até no mercadinho perto de minha casa. De início pensei que ele era um maluco, um tarado, mas com o passar do tempo comecei a observa-lo e vi que ele diferente de mim era uma pessoa animada e rodeada de amigos. Ele era meu colega em duas matérias na faculdade, mas eu não havia notado, como não noto a maioria nos meus colegas. Você deve estar se perguntando que tipo de garota sou eu? Bom eu sou aquela garota que prefere ficar sozinha, que gosta mais da companhia de um livro do que de alguém de carne e osso, sou esclusa da sociedade, trabalho e volto para casa apenas para me trocar comer algo e volto para faculdade, depois volto para casa e minha rotina se repete. Ai você se pergunta o porque de me esconder, porque ficar sozinha e não querer fazer amigos, e ai eu lhe conto caro leitor que essa 'eu' de agora é o resultado da 'eu' do passado, este repleto de lembranças tristes e decepções, e esse é o motivo de querer ficar sozinha de não querer cultivar amizades por medo de ser traída e magoada de novo, essa é a 'eu' que tem medo de se apaixonar e ser jogada fora. E é por esse motivo, que não deixarei Ari se aproximar de mim, pois quanto mais o observo mais o quero e quanto mais o quero mais eu tenho medo.


Depois de algumas semanas...

Semana após semana, Ari aparecia na biblioteca fazia suas pesquisas e no final me chamava para ajuda-lo a escolher um livro para lê-lo. Ari me deixou instigada em querer saber quem ele era, de quem eu era.

Então num dia ensolarado, tão quente que parecia um deserto Ari estava lá no seu lugar de sempre, sentado estudando e me observando, como sempre fazia, e como sempre eu desejava ter coragem de chegar conversar, queria saber mais dele,precisava perguntar o que o deixava curioso a meu respeito, mas não sabia como, então foi quando as circunstancias ficaram a meu favor.

Estava organizando o catálogo dos novos livros quando minha chefe me chamou pedindo que auxilia-se na pesquisa de um dos alunos, para minha surpresa o aluno era Ari. Ele sempre pedia que recomendasse livro, mas nunca pediu ajuda para seus trabalhos. Enxuguei as mãos que estavam úmidas peguei o papel com a lista de livros para sua pesquisa e segui para as prateleiras a sua procura. Quando estava terminado de encontrar os últimos livros da lista Ari aparece atrás de dando um susto, o grito ficou trancado no meu peito, o que saiu foi um pulinho desengonçado e uma cara horrorosa de espanto, seguida de um belo tabefe que eu o dei por chegar por trás daquela forma.


Ponto inicial...

– Você não vai me perguntar nada?
– Eu não tenho nada pra perguntar.
– Tem sim, você esta com varias perguntas engasgadas ai, pode começar o interrogatório.
– Que música você esta escutando?
– Fools do Troye Sivan, conhece?
– Sim, acho ela linda e não só essa mas as outras duas que dão continuação para a história desse clipe.
– Sempre penso em você nesta parte: "Embora eu tente resistir, eu ainda quero tudo" e logo mais quando ele fala "Só os tolos se apaixonam por você".
– Porque você seria um tolo por see... _ não consegui terminar de perguntar então ele continuou.
– Porque eu sou um tolo que mesmo sabendo que não resistindo e sabendo que eu não posso ter eu quero, eu quero ter você. _ Engoli seco e mudei de assunto a mais rápido que consegui pensar.
– Então, desde que você me disse seu nome eu fiquei curiosa a respeito e acabai pesquisando sobre seu significado. Ari é um nome de origem nórdica não é?
– Meu nome tem origem nórdica, meus pais escolheram esse por que ele significa “águia”, e além do nórdico ele tem outras origens do armênio, que quer dizer “corajoso” e do hebraico Aryeh, que quer dizer literalmente “leão”. Eles queriam que seu filho tivesse um nome forte, e pra eles Ari encaixou ao seu propósito. É um nome diferente, mas vocês se acostuma ele acaba te conquistando assim como a pessoa que o possui. 
–Você não perde tempo não é.
–Tempo é sagrado minha doce garota.
–Eu não sou sua garota.

Dei as costas voltando para o meu cantinho, este que eu não devia ter saído, mas quando ia dar o segundo passo senti uma mão descendo pelo meu ombro parando no meu cotovelo e me puxando de encontro a um par de olhos cinzas que fitavam com desejo. Enquanto ficava ali entorpecida pelo calor de sua mão e olhos, ele começou a falar:

– Brisa, me desculpe eu não queria te assustar, mas eu preciso ser direto, você precisa saber que quero você.
– Desculpe Ari, mas eu não quero me envolver com ninguém eu não posso me apaixonar. 

No momento que Ari continuaria a ludibriar-me meu chefe me chamou e essa foi a deixa para escapar da tentação que era estar pero dele


Enfim sós...

Dia após dia, Ari não desistia ele permanecia fiel as suas visitas a biblioteca, ele não desistia sempre que conseguia um tempo para me abordar e quando não conseguia ele criava. Ao contrario do que pensava estava ficando ansiosa a cada encontro, estava viciada e quando dei por mim o que temia aconteceu, estava apaixonada por Ari.

Mais uma semana, mais uma rotina pra seguir. Desta vez o sol não estava me testando, ele me deixou seu bom dia e um desejo passou por seus lábios "Seja Feliz".

Ao chegar ao trabalho meu chefe já pediu que fosse a secretária arrumar os arquivos, isso significava que não veria Ari, que ficaria trancada o dia todo, o que deixou uma tristeza no ar. Segui para a secretaria, peguei meus fones apertei o play, a música que estava tocando era 
"OUTRO: Love is Not Over" do BTS, o que me fez rir, o destino estava me falando para acordar e sair do sonho que criei só podia. Peguei meu mp4 e passei para passei para a próxima música era "Echo" do Incubus, uma de minhas preferidas, e que por mais incrível que seja combinava com tudo que estava acontecendo, principalmente na parte em que ela dizia: "Meu maior medo vai ser meu resgate", comecei a rir, só podia ou eu estava ficando louca ou meu anjo da guarda estava trabalhando através do meu mp4 pra me mostrar algo que não estava encontrando. Foi então que a porta se abriu e um Ari determinado entrou.

– O que você faz aqui, essa sala é só para funcionários, se alguém me pegar com você serei advertida ou demitida.
– Brisa eu não posso mais esperar por você, eu preciso ter alguma certeza da sua parte pra poder continuar.

Ari, me puxou mais pra perto deixando nossos corpos mais perto, aproximou seus lábios da minha nuca seguindo para meu ouvido.

– Não posso esperar a eternidade por você, cavaleiros de armadura não existem eu não sou um cavaleiro, sou apenas um garoto tolo apaixonado por uma doce garota perdida e com medo de se envolver.

Não percebi, mas meus olhos estavam marejados, foi então que peguei seu rosto encarei aqueles olhos misterioso e lentamente me aproximei dos seus lábios para o beijo que tiraria o chão dos meus pés.

–Eu não quero nenhum cavaleiro, não gosto de príncipes nem sapos, gosto do concreto, gosto do que posso tocar, e eu posso tocar em você Ari, eu só não queria.
– Ás vezes querer não é poder minha querida Brisa.

Não pensei que aquele garoto poderia mexer tanto comigo quanto estava, não só nos meus pensamentos agora Ari estava me deixando sem ar, sem força para pensar, já não agia mais com raciocino era apenas meu corpo e o desejo selvagem que dominava meu ser. Quando aquele beijo quente e doce terminou Ari com os lábios ainda sobre os meus falou:

– Você achou que não conseguiria fazer isso não é, mas fique surpresa Ari, pois eu sou forte e eu posso fazer isso também.



Será este o fim?

Eu não sei o que acontecera entre Brisa e Ari, nada é certo, tudo é duvidoso quando se trata desses dois. Brisa a garota medrosa que luta pra não deixar Ari entrar em seu coração, e Ari o garoto persistente e encantador que só deseja estar no coração de Brisa. Estou curiosa para saber como esses dois vão fazer, mas eu ainda não sei quais serão seus passos.


P.s: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeite os direitos autorais dela.

P.s.s: Fazia um tempo que queria criar uma história que se passasse numa biblioteca, que envolvesse livros e música, mas nunca parava para escrever, no fim essa história só saiu do meu pensamento logo após um sonho, então eu peguei-o enfeitei aqui e ali e no final saiu a história do "Garoto da Biblioteca", o "Garoto que passeou nos meus sonhos".

domingo, 8 de novembro de 2015

Conto: Desejos Contidos


Elly recebe uma ligação, é Gael seu melhor amigo. Ela atende, pega sua mochila de primeiros socorros, e saiu correndo desesperada rumo a montanha.

Onde você está, faz um sinal, de um grito, mas faça algo. Essa situação já esta me deixando apavorada. Você esta bem, me diga que esta bem.

-Elly, respira fundo.
_ Que respira fundo, você sabe o quando eu tenho medo de escuro. Gael o que foi isso, foi o que eu escutei bem, você esta rindo da minha cara é.
_Você é muito fofa sabia.
_Como você pode pensar nisso nessa situação. Ah eu quero bater em você.

Meus olhos estavam procurando por todos os cantos, procurando pela escadaria, porém não enxergava nada, o que estava me deixando mais assustada do que já estava. Continuei subindo, subindo a cada novo passo minha respiração ficava mais pesada, não escutava mais nada a não ser a voz de Gael pelo telefone.

Olhei para direita e nada, na esquerda também não havia nada, então der repente mais a frente na minha diagonal, uma luz fraca iluminava a escuridão dentro da floresta.

_Gael,porque você se enfiou na floresta. Ilumine a sua frente para que eu possa te encontrar.
_Ok.

Caminhei por mais um tempo e encontrei Gael caído no chão, com um sorriso no rosto. Nesse momento eu sentei uns bons tapas nele.

-Como você pode fazer isso me deixar nessa preocupação, estar rindo. Quero muito deixar você ai.
-Elly desculpa, eu encontrei algo que queria te dar, por isso entrei na floresta, mas acabei me afobando e torci o pé.

Agachei, coloquei minha mochila no chão, peguei sua perna machucada, conferi os arranhões tirei seu tênis o que causou um palavrão abafado, limpei os arranhões com água oxigenada, coloquei alguns emplasto no seu tornozelo então enfaixei seu pé. Acabado, sentei no chão coloquei a cabeça as pernas e suspirei alto, reclamando da aventura de Gael.

_Você esta com muita raiva de mim. Elly ...

Levantei minha cabeça e o encarei, havia pequenas arranhões no seu rosto. Minha raiva era por ele ter se arriscado para me agradar, estava me sentindo a culpa dos seus machucados, como se estivesse com as mãos atadas e não podia fazer nada, a não ser ficar observando ele se machucar cada vez mais por minha culpa.
_Vamos Gael, precisamos ir checar esse tornozelo, ele está muito inchado, você provavelmente tirou ele do lugar. Vamos antes que escureça mais ainda.

Nesse momento, Gael se aproximou pegou meu braço e me puxou na sua direção deixando-nos com os rostos colados. Me assustei e me afastei, porém ele voltou a me puxar para perto, fiquei com a respiração presa, não conseguia respirar, estávamos próximos demais, e aqueles olhos escuros, estavam acelerando meu coração e me fazendo suar. Ele foi se aproximando mais, porém fui mais rápido levantei num pulo bati as mãos nas calças, estendi minha mão na sua direção e o convidei para voltarmos para casa.
Com um pouco de esforço consegui ajudar Gael se levantar, mas não espera que ele seria mais rápido que eu. Assim que ele ficou de pé, me empurra colando minhas costas num pinheiro, ele apoio a perna machucada e com a outra ele me pressionou, com sua boca na minha orelha, ele sussurrou.

_Até quando você vai resistir.

Não disse nada, fiquei calada, olhando para baixo, esperando que ele dissentisse, porém ele pegou meu queixo e levantou lentamente, deixando meu lábios na altura dos seus. com o coração acelerado, não consegui pensar em mais a não naqueles lábios que pediam para ser beijados, então eu os beijei. Beijei com uma fome, da qual eu não pensei que havia em mim, beijei com uma ânsia, com saudade, com desespero. O Beijo só acabou quando ambos, precisaram retomar o folego que foi consumido por aquele beijo.
Ficamos ali nos olhando por algum tempo, nossa respiração era mais alta que os sons da floresta, que foi interrompida por Gael.

_Eu não sabia que você guardava tanto desejo assim por mim. Quer saber Elly, eu torceria meu pé inúmeras vezes, se você prometer que de recompensa eu ganharia mais desses beijos.
Para de falar besteira, você não precisa torcer o pé pra isso.
_ Ah, não preciso, é só querer beija-la que conseguirei. Se soubesse que fosse tão fácil assim, tinha feito antes.
_Também não é isso.

Gael, não deixou com que terminasse de falar, puxou-me para mais perto, e beijou-me novamente, seus lábios tinham a mesma fome que a minha, sua respiração acompanhava a minha. Seus lábios desceram pelo canto da minha boca, trançando beijos pela minha mandíbula, descendo pelo meu pescoço, enquanto suas mãos subiam pela minha coluna lentamente deixando me louca. Não pensei, não queria saber de nada, de certo de errado, só queria continuar aquele beijo, só queria que aquelas mãos tocassem todo meu corpo. Desci minhas mãos pelo seu peito, tracei linhas nas suas costas, e lentamente desci a mão para o cós da sua calça, porém Gael segurou minha mão e não deixou avançar. Ele pegou minha mão colocou em seu peito, beijou meu pescoço avançando lentamente até meus lábios, parou seus beijos e me encarou.

_ Aqui não é lugar pra isso Elly, vamos, você merece uma cama macia cheia de petá-las de rosas e não encostada nesse tronco áspero.,



P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeite os direitos autorais dela.