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domingo, 1 de junho de 2025

Conto: Entre Linhas e Mentiras

 


Daria era uma garota doce, de olhos sonhadores e coração inteiro, daqueles que ainda acreditavam no amor como em um conto de fadas. Estudante de Letras, passava horas entre livros e devaneios, criando finais felizes que sua própria vida ainda não conhecia. Até que, numa madrugada solitária, conheceu Júlio em um grupo literário na internet.

Conversas despretensiosas viraram trocas de confidências. Ele era carismático, engraçado e dizia as palavras certas como se tivesse o mapa do coração dela. Em pouco tempo, os dois estavam namorando virtualmente. Mesmo distantes por cidades e quilômetros, ela sentia-se próxima, como se ele estivesse sempre ali, no outro lado da tela, cuidando dela.

Mensagens de bom dia, chamadas de vídeo até altas horas, planos de um futuro juntos. Daria entregou-se por completo. Aos poucos, ele passou a fazer parte de tudo: das suas manhãs apressadas até os sonhos que ela escrevia nos cadernos de poesia. Ela via Júlio como o começo e o fim, como aquele que faria morada em sua vida para sempre.

O primeiro encontro aconteceu quatro meses depois, e tudo pareceu ainda mais real. Ele a abraçou com firmeza, beijou sua testa e sussurrou: "Agora é de verdade". Daria chorou de emoção naquela noite. Tinha certeza de que o amor que tanto esperou havia, finalmente, chegado.

Mas as certezas, assim como as promessas, às vezes são frágeis.

Os sinais vieram pequenos. Respostas curtas, sumiços repentinos, justificativas vagas. A intuição começou a bater à porta, mas ela trancava com força, tentando acreditar no amor que construiu com tanto zelo.

Até o dia em que uma mensagem chegou por engano. Um “te amo” que não era pra ela. Daria tremeu. Questionou, foi ignorada. Procurou, encontrou. Descobriu não uma, mas várias conversas, várias "outras" que recebiam o mesmo carinho que ela julgava ser único. Júlio era plural demais para quem prometera exclusividade.

O mundo de Daria caiu com um baque mudo. Ela chorou como quem perde uma parte de si, não apenas o amor, mas a ilusão. Sentiu raiva, vergonha, tristeza — tudo junto, tudo ao mesmo tempo. E quando ele tentou justificar, culpando a distância, a rotina, o momento, ela apenas desligou.

Não por orgulho, mas por amor-próprio.

Levou tempo, noites mal dormidas e páginas rasgadas de um diário que ela não conseguia mais escrever. Mas Daria renasceu. Refez seus passos, colou os cacos e entendeu que não era burra por ter acreditado. Era bonita — por ter amado com verdade.

Hoje, quando lê os textos antigos, ainda lembra de Júlio. Mas não com dor. Com aprendizado. Ele foi uma mentira que ensinou a verdade: que o amor começa no outro, mas só permanece quando também habita o respeito.

E ela? Segue, inteira. Sozinha, mas em paz.
Porque agora sabe: o único amor que nunca a trairia é o dela por si mesma.

P.S: Essa Fanfic conto, crônica ou qualquer nome que você queira dar, ou eu chama-la é criação minha. Por favor respeito os direitos autorais dela.